Hoje é comum vermos nas prateleiras dos supermercados uma infinidade de produtos que buscam seduzir o consumidor com a aparência e a promessa de ser um produto mais natural e saudável. Apesar da “maquiagem natureba”, estampada na aparência desses produtos, a maioria esconde um modo de produção nada saudável.
Um exemplo são os leites de soja de “caixinha” que trazem em suas propagandas pessoas com corpos bem delineados e rostos sorridentes, em meio a um cenário de natureza. Na verdade, a maioria desses produtos é feita com soja transgênica que utiliza uma grande quantidade de agrotóxico em seu plantio, sem contar o alto teor de açúcar e aditivos químicos que são colocadas neles para que adquiram um gosto mais atrativo e comercial.
Quem busca um produto mais saudável deve exigir o selo de certificação orgânica, só ele garante que não foi utilizado no processo de produção fertilizantes químicos, agrotóxico ou hormônios de crescimento (no caso dos frangos, bovinos e peixes). A principal diferença em relação aos produtos convencionais é que os orgânicos não possuem substâncias tóxicas e nocivas relacionadas ao surgimento de diversas doenças. O uso de adubos naturais no plantio dos orgânicos também proporciona alimentos com maior valor nutritivo.
Por ser de maneira geral realizada por famílias ou pequenas associações e cooperativas de agricultores, que têm na terra a sua única forma de sustento, a produção orgânica desempenha um papel social de fixação do homem no campo. Além de preservar a fertilidade do solo e o equilíbrio ambiental com uma prática agrícola baseada em princípios tradicionais e agroecológicos. Por fazer uso de sementes crioulas ela também ajuda a preservar a agrobiodiversidade, ameaçada por grandes empresas, como a Monsanto, que buscam o monopólio da riqueza genética presente nas plantas produtoras de alimentos.
Apesar de serem produtos de procedência próxima do mercado consumidor, os orgânicos ainda custam mais que os produtos tradicionais. Segundo Ralf Lourenço, diretor operacional da Cooperativa Conexão Verde Vitória – iniciativa patrocinada pela Petrobras através do Projeto Socioambiental Espaço Vitória – o financiamento da agricultura orgânica no país ainda é pequeno quando comparado ao incentivo recebido pelo agronegócio. No Plano Safra 2014/2015 a agricultura orgânica e familiar receberá financiamento de R$ 24,1 bilhões enquanto o agronegócio receberá no mesmo Plano Safra a quantia de R$ 156 bilhões.
“Se os produtores da nossa cooperativa de hortaliças orgânicas e a agricultura familiar recebessem, proporcionalmente, os mesmos incentivos dados ao agronegócio conseguiríamos colocar nossos produtos no mercado com preços bem mais baixo que os produtos convencionais. Sem contar que poderíamos aumentar a produção, gerar renda para mais pessoas e suprir a grande procura pelos orgânicos no mercado de Cuiabá e região”. Enfatizou Ronaldo Ralf Lourenço. Fonte: Expresso MT