Festival do chocolate movimentou R$ 10 milhões em negócios

Por: Renata Smith 

 

Um encontro de técnica, arte e negócios da cadeia produtiva do chocolate e cacau, setor que gera R$ 12 bilhões, a cada ano, no Brasil. Atraídos pelo milionário nicho de mercado, expositores do país e exterior participaram do 7º Festival Internacional do Chocolate e Cacau, realizado de 11 a 14 de junho, em Ilhéus. O espaço de feiras do Centro de Convenções foi ocupado por 75 estandes de produtores, comerciantes de máquinas, chefs especializados, pesquisadores e técnicos.

 

De acordo com o balanço divulgado pelos organizadores, a movimentação financeira foi de R$ 10 milhões e a visitação de 30 mil pessoas, nos quatro dias do evento. "A receita gerada refere-se aos negócios diretos na venda de produtos e equipamentos na área de exposições, transações de compra e venda de cacau fino por empresas do Brasil e exterior e o anúncio da construção de novas plantas industriais de médio porte na região", explicou o realizador Marcos Lessa.

 

Parceiro da iniciativa, o Sebrae esteve presente no evento com um estande de atendimento ao público, realização de palestras, exposição da Feira Criativa dos bairros Hernani Sá e Pontal, além de Clínicas Tecnológicas, orientando os empreendedores sobre acesso a mercado, produção de chocolate e design de embalagens.

 

Quanto ao valor estratégico de uma embalagem bem concebida, o palestrante que ministrou a oficina sobre o tema, Rodrigo Solano, destacou a importância da informação e praticidade, comunicando bem o produto. Um dos participantes da capacitação foi José Maltez, produtor de cacau e proprietário da marca de chocolate Maltez, em Ilhéus. "As orientações nos mostram que a embalagem não precisa ser apenas bela e luxuosa: tem que despertar o interesse do consumidor", afirmou.

 

Entre as 25 marcas de chocolate do Sul da Bahia presentes ao evento, estava a Sagarana, do empresário Henrique Almeida, um dos produtores regionais mais conhecidos no mercado mundial. Em 2010, por exemplo, recebeu a visita do chocolatier francês Stéphanie Bonnat, que se apaixonou pelas amêndoas produzidas em sua fazenda e, na época, comprou toda a matéria-prima da Sagarana. Na fazenda são produzidos, por ano, 3 mil quilos de cacau selecionados para produção de chocolates finos. "Se fossem vendidos como simples amêndoas, representariam cerca de R$ 20 mil no bolso do produtor. Transformados em chocolates finos, o faturamento, sobre esta mesma quantidade, pode chegar a R$ 375 mil", contou Almeida.

 

Sobre essa geração de receitas mais altas com a atividade agroindustrial, a gerente regional do Sebrae Ilhéus, Claudiana Figueiredo, destaca: "O festival é a demonstração real desse processo de verticalização da economia do cacau. As diversas marcas regionais de chocolate presentes nesta edição demonstram a importância da agregação de valor para ganhos substanciais dos produtores de cacau do Sul da Bahia".

Chocolate Sulbaiano

 

Segundo o gestor do Sebrae no projeto Indústria Setorial Ilhéus – Derivados de Cacau, Eduardo Andrade, o movimento no estande da instituição foi intenso. "Recebemos empresários de pequeno porte de várias partes do Brasil em busca de um plano de negócio para montar fábricas em outras regiões do país, desde que a matéria-prima, o cacau regional de qualidade, tenha a origem no Sul da Bahia", destacou.

 

Andrade afirmou ainda que nesta edição do festival, 90% dos integrantes do projeto Derivados de Cacau expuseram e comercializaram seus produtos. "O ambiente foi muito favorável para novas oportunidades de negócio", contou.

 

É o caso da marca Café com Cacau, da empresária Marly Brito e sua filha, Zeny Coutinho, de Itacaré. Participando do festival desde a 1ª edição, elas expandiram o negócio e, hoje, têm duas lojas com produção mensal de 5 mil trufas de 60 sabores, além de tortas, cocadas, geleias e sorvete. A matéria-prima, o chocolate, é da própria marca. Este ano, mãe e filha têm novidades: "Negociamos a primeira unidade de franquia da marca, para Ilhéus, o que significa o começo de uma nova etapa da empresa", comemorou.

 

Já a marca Cacau Amado, da empresária Greice Costa, foi lançada oficialmente no festival. No estande de exposição, além do chocolate com teor de 56,6% e 70% de massa de cacau, os sucessos de vendas foram os nibs de cacau com ervas finas (amêndoa triturada) e a cerveja artesanal de cacau.

 

Para a marca Modaka, que participa de seu quarto festival, durante esse período foi importante investir em marketing profissional e contar com a visibilidade proporcionada pelo evento para vender a outros estados. "Estando aqui, a gente aparece", assegurou o empresário Fernando Botelho. Os principais produtos negociados, o chocolate 70%, os nibs e amêndoas crocantes, já representam 90% do faturamento da marca.


Doce atração

 

Percorrer o espaço da feira permitiu ao público do evento um verdadeiro passeio gastronômico e contemplativo. Foi possível degustar dezenas de variedades de doces à base de chocolate e admirar bolos decorativos e obras de arte feitas com o produto. No espaço Ateliê do Chocolate, brilharam chefs como Giuliana Cupini, cake designer pela Wilton School Of Cake Decorating, em Chicago, nos Estados Unidos, e Lucas Corazza, especialista pela École National Superiére de la Patisserie, na França, atualmente jurado do programa "Que seja doce", do canal de televisão GNT.

 

Para quem queria aprender a fazer delícias de chocolate, a Cozinha Show foi o atrativo ideal. A aposentada Abgail Tomas, de Ilhéus, aprendeu os segredos da produção de trufas para fazer depois em sua casa. "Gosto desse tipo de doce", contou. A minicozinha infantil ajudou crianças a conhecerem receitas fáceis à base de chocolate. O evento ainda realizou um concurso para escolha do melhor bolo confeitado.

 

Os estandes de tecnologia de produção também despertaram o interesse do público, como o advogado Luiz Machado, de Ilhéus, que demonstrou curiosidade sobre maquinário e processos de transformação do cacau em chocolate.

 

Uma empresa expositora nesse setor foi a Salvador Cacau, do advogado e empresário Mário Mendes, de Lauro de Freitas. Com fábrica para processamento de cacau, pasta de amendoim e de avelã, a empresa usa tecnologia de ponta, com torrador de precisão, refino com rolos e conchagem, produzindo com padrão internacional. Todo o maquinário pode ser terceirizado para produção de outras marcas de chocolate, mas há um ano, entusiasmado com o projeto, ele resolveu lançar a sua própria marca. Hoje, a Salvador Cacau produz nibs, massa de cacau, achocolatados e chocolates finos. "Estamos desenvolvendo uma máquina onde a barra de chocolate será derretida, na presença do consumidor, produzindo uma bebida expressa (quente ou fria) à base de cacau", garantiu o empresário ainda para este ano.

 

A agenda de palestras incluiu a presença de especialistas como a consultora francesa Chloé Doutre-Roussel, autoridade mundial em degustação de chocolates, o pesquisador norte-americano Greg D’ Alesandre, sócio da Dandelion Chocolate, a embaixadora do Cacau e Chocolate da Venezuela, Maria Fernanda Di Giacobbe, e o cônsul da Bélgica, Bernard Quintin.

 

Os realizadores do festival foram a MVU Promoções & Eventos, Instituto Biofábrica de Cacau, Atil, Associação dos Produtores de Cacau (APC) e Costa do Cacau Convention Bureau. Além do Sebrae, o evento tem patrocínio do Governo da Bahia, Comissão Executiva da Lavoura Cacaueira (Ceplac), Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia, Prefeitura de Ilhéus, Prefeitura de Itabuna e Governo do Pará. 

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