Traders de cacau estão enfrentando perdas estimadas em pelo menos 1 bilhão de dólares em derivados depois que Gana, um dos maiores produtores mundiais, não conseguiu entregar grãos este ano. A situação forçou os comerciantes a liquidar posições vendidas em um mercado em alta, relataram seis fontes do setor à Reuters.
Impacto Climático e Econômico
Os preços globais do cacau (CCc2) dispararam este ano devido ao mau tempo, doenças nos grãos, contrabando e mineração ilegal de ouro, que reduziram a produção em Gana. Como resultado, os preços do chocolate também subiram globalmente, levando fabricantes a reduzir o tamanho de produtos como barras de chocolate para lidar com os custos crescentes.
Atrasos na Entrega
As autoridades ganenses, responsáveis pela venda de todos os grãos do país, querem adiar a entrega de até 350.000 toneladas métricas nesta temporada, quase metade da produção vendida. O regulador do cacau de Gana, no entanto, afirmou que está procurando rolar “alguns volumes, mas não nessas quantidades”.
Esse atraso pode significar perdas de cerca de US$ 4.000 por tonelada para os traders e processadores de cacau que compraram futuros para proteger suas compras físicas, totalizando aproximadamente US$ 1,4 bilhão.
Estratégias Comerciais
Casas comerciais como Cargill, Olam, Barry Callebaut, Sucden, Touton e Ecom utilizam o mercado futuro para proteger ou travar um preço para o cacau antes da venda aos fabricantes de chocolate. “Estamos praticamente parados, olhando para nossas telas”, disse o chefe de comércio de cacau de uma trading global especializada em commodities agrícolas, sob condição de anonimato.
O mercado físico e futuro de cacau quase parou devido às profundas perdas e incertezas. Comerciantes normalmente compram as amêmdoas com meses de antecedência, esperando revender com lucro. Para se proteger contra quedas de preços, eles assumem posições vendidas no mercado futuro.
Colapso da Estratégia
A estratégia desmorona se a entrega física, neste caso as amêndoas de cacau, for atrasada em um mercado em alta. Os traders foram forçados a liquidar posições vendidas para o mês de entrega esperado e assumir novas posições vendidas para uma nova data de entrega, incorrendo em altos custos.
Em abril de 2024, os traders que esperavam cacau para entrega em maio de 2024 compraram futuros em cerca de US$ 3.000 a tonelada. Com o mercado em alta, eles tiveram que liquidar essas posições a US$ 11.000 a tonelada, enfrentando perdas de US$ 8.000 por tonelada. Para se proteger para entrega em maio de 2025, os futuros eram negociados a cerca de US$ 7.000 a tonelada.
Isso significa que, se e quando os traders receberem o cacau físico em maio próximo a US$ 3.000 a tonelada, ainda enfrentarão uma perda agregada de US$ 4.000 por tonelada.
Repercussões no Mercado
O mercado de cacau enfrenta um terceiro ano consecutivo de déficit, e os preços praticamente dobraram este ano. Os comerciantes tentarão repassar suas perdas aos fabricantes de chocolate, como Hershey e Mondelez, através de preços mais altos para produtos como cacau em pó e manteiga.
Entretanto, as empresas de chocolate podem ter dificuldade em repassar esses custos aos consumidores, que já estão comprando menos chocolate devido aos aumentos de preços. A liquidez do mercado também diminuiu, com as bolsas exigindo mais dinheiro como garantia para cobrir os hedges dos traders, alimentando a volatilidade dos preços.
Garantia e Volatilidade
A garantia, conhecida como chamada de margem, é um pagamento inicial definido pela bolsa de futuros para cobrir uma parte das perdas potenciais dos traders. Com os preços dos futuros mais altos, as chamadas de margem aumentaram, exacerbando a crise de liquidez e a volatilidade no mercado.
O cenário atual representa um grande desafio para os comerciantes de cacau, que precisam navegar pelas complexidades de um mercado cada vez mais imprevisível.
Fonte: mercadodocacau com informações reuters
6 Comments
Agora é nossa vez de rir um pouco.
TA PEGANDO NÉ ? E O CACAU SUMIU…
O BASICO SEMPRE FOI O CACAU , A ROÇA E O PRODUTOR…
ESQUECERAM O DEVER DE CASA !
Um dia, a casa teria que cair! A forma exploratória do cartel sobre uma população produtora que é essencialmente pobre e tem um retorno no seu trabalho de mera sobrevivência, teria que ter um fim, mormente quando na outra ponta se veem exemplos exorbitantes de exibição de riqueza contrastante exatamente com aquela miséria atávica. Cacau sempre representou riqueza! Mas como disse, só na outra ponta! Hora de queimar a gordura de muitas dezenas de anos! Mas por certo, a situação presente deixará marcas e outros atores noutros palcos, passarão a exibir suas atuações mais humanas! Os tempos mudam, os sistemas também e o do cacau, estava rançoso!!!
Pena que vai durar pouco. Tempo.
Que esse mercado perverso e opressor caia, sem dó das elites exploraradoras e dos cartéis que escravizam as populações produtoras seja em África, Ásia ou aqui nas Américas…
Esqueceram que o produtor deve ganhar e bem para produzir.Fizeram tanta desfeita que aí está o resultado.Esperamos que as empresas aprendam a valorizar o produto e o produtor para uma estabilização de preços justos a ambos