Incerteza com coronavírus afeta planos de empreendedores para Páscoa

Quando a notícia da pandemia chegou, o segmento de doces e chocolates estava a todo vapor para uma das épocas mais lucrativas do ano: a Páscoa. Das redes de franquias a pequenas e médias empresas aos empreendedores individuais – todos foram impactados pelo isolamento e pela avalanche de notícias sobre o coronavírus, que fizeram com que as pessoas se esquecessem que o feriado chega em algumas semanas.

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoins e Balas (Abicab), a produção não foi afetada, pois o desenvolvimento vem sendo feito desde meados do ano passado. O impacto maior é realmente nas vendas, e essa projeção não existe por enquanto. Uma nova nota deve ser divulgada em breve, de acordo com a assessoria.

A Cacau Show, maior rede de franquias de chocolates do país, começou o período de Páscoa bem otimista. No lançamento da linha 2020, em entrevista a PEGN, o presidente Alexandre Costa contou que investiu cerca de R$ 35 milhões e esperava um aumento de vendas de 15%, em relação ao mesmo período do ano anterior. Agora, diante do cenário incerto, eles não conseguem desenhar uma previsão de vendas para o período.

Em comunicado, a empresa contou que parte da área administrativa da franqueadora está em home office, atuando com foco no delivery e suporte aos franqueados. A outra parte entrou em férias. Ao mesmo tempo, as lojas estão sendo fechadas gradativamente, de acordo com as orientações locais, e a rede paralisou a indústria ontem, dia 23, para se dedicar inteiramente à Páscoa – principal campanha do ano para a marca.

A Cacau Show concentrou as vendas por meio da loja virtual da empresa e também pelo iFood e lançou um plano de parcelamento para as compras realizadas até o final de março, como forma de estimular as vendas no período.

A confeiteira Carolina Sales é dona de uma rede de três lojas que levam seu nome em shoppings do Rio de Janeiro. Para a Páscoa deste ano, ela investiu R$ 40 mil em uma nova linha de produtos e embalagens e esperava crescer 20% em relação ao mesmo período do ano passado, mas precisou adaptar os planos. “Com as lojas fechadas, estamos atendendo apenas delivery com app de entrega e delivery próprio, com uma equipe mínima e com todos os cuidados de produção, manipulação e distribuição.”

Ela precisou se preparar em tempo recorde – uma vez que nunca tinha feito delivery e apostava alto nas vendas dessa época do ano. Agora, Carolina ainda não tem expectativa de como serão as vendas. A ideia é conseguir manter o método até a normalização das atividades.

A empreendedora individual Edina Martelle, 59, dona da Essenciale Doces, estava animada para 2020. Ainda no ano passado, investiu cerca de R$ 12 mil em uma cozinha exclusiva dentro de casa para atender apenas aos pedidos da empresa, em São Bernardo do Campo (SP), onde mora. O foco dela são as festas e casamentos, que tiveram um incremento de 35% entre janeiro e fevereiro, mas a demanda da Páscoa também foi alta no ano passado e ela já se preparava para um possível aumento de vendas neste ano. “Achei que esse era ‘o’ ano. Estava tudo perfeito até então. A gente se deitou e acordou com essa bomba.”

Edina mora com o marido e os dois têm evitado sair de casa por conta da pandemia do novo coronavírus. Por essa razão, ela não faz entregas dos ovos de Páscoa, o consumidor precisa buscar – e isso atrapalha ainda mais o resultado. “Eu não estou saindo de casa. Meu marido é quem sai quando precisamos fazer algo muito importante na rua.” Como a demanda por ovos tem sido baixa, ela não vê perspectiva de usar serviços de delivery para entrega. “Eu acredito que não vou trabalhar nessa Páscoa. Chocolate a gente estoca, mas tenho algumas embalagens e as contas no cartão para pagar.”

 

Fonte: revistapegn.globo.com

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