Em um movimento estratégico para diversificar sua economia agrícola, a Indonésia planeja utilizar os fundos arrecadados da taxa de exportação de óleo de palma para financiar o desenvolvimento dos setores de cacau e coco do país. Esta decisão foi anunciada pelo ministro do Comércio, Zulkifli Hasan, durante uma entrevista à Reuters.
Desde 2015, a Indonésia, o maior exportador de óleo de palma do mundo, coleta uma taxa destinada a financiar seu programa de biodiesel de óleo de palma, iniciativas de replantio para pequenos agricultores e pesquisas sobre óleo de palma. Agora, esses fundos também serão direcionados para apoiar os setores de cacau e coco.
“Inicialmente, planejamos agências separadas para cacau e coco, mas foi decidido fundi-las com a BPDPKS”, explicou Zulkifli Hasan. A BPDPKS, agência responsável pela coleta e gestão da taxa de exportação de óleo de palma, terá agora um papel ampliado, atuando também no desenvolvimento dessas novas áreas agrícolas.
O ministro coordenador da Economia, Airlangga Hartarto, acrescentou que a Indonésia atualmente impõe um imposto de exportação de 0% a 15% sobre as amêndoas de cacau, cujas receitas serão direcionadas ao BPDPKS para serem coletadas e gerenciadas. Ele ressaltou que não haverá necessidade de taxas adicionais para os produtores de cacau e coco, já que a agência possui fundos suficientes.
O Ministério da Indústria destacou que essa iniciativa é crucial para garantir a segurança do abastecimento de cacau no país. Nos últimos anos, a produção de cacau sofreu uma queda anual de 8,3% entre 2015 e 2023, o que reforça a necessidade de investimentos no setor.
A Indonésia foi o quarto maior exportador mundial de produtos de cacau no ano passado, mas ainda precisou importar 62% das amêndoas de cacau necessárias. Esse cenário mostra a importância de fortalecer a produção interna de cacau para reduzir a dependência das importações.
Entretanto, o plano enfrentou críticas de grupos de pequenos produtores de óleo de palma. A APKASINDO, associação dos produtores de óleo de palma, pediu ao governo que reconsidere a decisão, argumentando que ainda não há financiamento suficiente para os produtores de óleo de palma. A GAPKI, associação indonésia de óleo de palma, também expressou preocupações, destacando que a produção de óleo de palma estagnou nos últimos cinco anos e que acelerar o replantio entre pequenos agricultores é urgente.
Eddy Martono, presidente da GAPKI, enfatizou a necessidade de garantir que os fundos do BPDPKS sejam suficientes para apoiar tanto o replantio de óleo de palma quanto o desenvolvimento de cacau e coco. “Precisamos acelerar o replantio, principalmente para os pequenos produtores. Se o fundo for usado para outras commodities, os fundos do BPDPKS serão suficientes?” questionou Martono.
Com a implementação desse plano, a Indonésia espera não apenas fortalecer seus setores de cacau e coco, mas também garantir um desenvolvimento agrícola mais sustentável e diversificado, proporcionando benefícios econômicos a longo prazo para o país e seus agricultores.
Fonte: mercadodocacau com informações channelnewsasia