As indústrias de chocolate informaram que esperam estabilidade ou um pequeno crescimento nas vendas de ovos de Páscoa neste ano, em comparação a 2017. A maioria das empresas está investindo em ovos e chocolates com preços mais baixos, para tentar se adaptar aos bolsos dos consumidores, ainda apertados.
Em 2018, os fabricantes mantiveram o número de lançamentos feitos no ano passado, de 120 produtos, e reduziram em 5,9% o número de empregos temporários para fábricas e lojas especializadas no período de Páscoa, para 23 mil pessoas. Em 2017, a queda de vagas temporárias foi de 15%.
A Nestlé, maior fabricante do setor, informou que espera um “crescimento em patamares pequenos” das vendas de ovos de Páscoa em 2018, em comparação a 2017. “Em volume de produção, a perspectiva é manter o mesmo volume fabricado no ano passado. Mas devido a uma assertividade maior nos produtos, a expectativa é que a devolução de ovos do varejo para a indústria seja menor neste ano”, afirmou André Laporta, gerente de chocolates da Nestlé. De acordo com o executivo, no ano passado, 4% dos ovos que foram para o varejo foram devolvidos.
Laporta acrescentou que a Nestlé concentrou-se no lançamento de opções de ovos e chocolates para páscoa com preços até R$ 20 a unidade, porque prevê que os consumidores ainda serão muito racionais nas compras deste ano.
Keila Broedel, gerente de marketing de sazonais da Garoto, também disse, sem citar números, que espera melhora no desempenho de vendas de Páscoa neste ano. A Garoto ampliou a oferta de chocolates e ovos de tamanhos pequenos (até 186 gramas) e renovou todas as embalagens, para dar mais cara de presente aos ovos de páscoa. As linhas têm preços sugeridos de R$ 9,00 a R$ 49,90. “A expectativa é de vendas maiores em comparação a 2017”, disse Keila.
Tanto a Nestlé quanto a Garoto informaram que fizeram esforço para segurar preços, mas parte das linhas foram reajustadas pela inflação.
A Mondelez, dona da marca Lacta, também informou que reajustou preços neste ano em linha com a inflação. Marcela Mariano, diretora de chocolates da Mondelez, disse que espera um desempenho nas vendas de Páscoa melhor do que na Páscoa de 2017, quando as vendas cresceram 8%. A empresa reduziu o número de lançamentos de 19 para dez, e também se concentrou no lançamento de produtos menores, de até 170 gramas.
A expectativa para esta Páscoa é de um desempenho mais acelerado, considerando que o varejo já apresentou crescimento em vendas no Natal. A indústria está bastante otimista depois de anos de queda nas vendas”, afirmou Marcela.
A Cacau Show é a mais otimista do setor, A fabricante e varejista prevê um crescimento de 20% na receita de vendas de Páscoa neste ano. A Cacau Show estima produzir 9,5 mil toneladas de chocolate para a data, superando 15 milhões de itens produzidos, o que significa um aumento de 8% em volume em relação a 2017.
Já a Arcor prevê um crescimento de 5% no volume de vendas desta Páscoa. Anderson Freire, gerente de marketing de Arcor, disse que o crescimento virá principalmente de um maior acerto no portfólio de produtos, em comparação a 2017. A Arcor lançou 17 produtos neste ano, com preços que vão de R$ 19,99 a R$ 49,99 a unidade. Freire disse ainda que a companhia não reajustou preços em relação a 2017. “O nosso objetivo neste ano foi trazer produtos com preços justos para atender toda a família”, disse o executivo.
Joana Oliveira, gerente de marketing da Kinder, disse, sem citar números, que espera para esta Páscoa resultado melhor do que em 2017. “Acredito que o consumo de chocolates será melhor, acompanhando a recuperação da economia. como um todo”, afirmou Joana. A Kinder vai colocar no mercado chocolates com preços de R$ 6 a R$ 60 a unidade. Joana disse que os preços foram reajustados em linha com a inflação.
No ano passado, as indústrias de chocolates também investiram em produtos com preços mais baixos, por conta da recessão, e esperavam um crescimento de 10% nas vendas, mas encerraram a Páscoa passada com um incremento de 2,2%. Em volume, houve queda de 38% nas vendas, chegando a 9 mil toneladas, ou o equivalente a 36 milhões de ovos.
“Nos últimos dois anos, as vendas de Páscoa encolheram 50%. Mas, com base na melhora nas vendas de chocolate no país a partir do segundo semestre de 2017 e de alguns indicadores econômicos, as indústrias estão mais otimistas e trabalham com expectativa de melhora no setor na Páscoa e no ano”, afirmou Afonso Champi, vice-presidente de chocolate da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab).
A Abicab não divulga estimativa de vendas para a Páscoa. A entidade informou apenas que, no primeiro semestre de 2017, a produção do setor ficou estável em relação ao ano anterior, enquanto o consumo aumentou 8%. O balanço de vendas de chocolate de 2017 será divulgado pela Abicab em março.
Fonte: Valor