Por: Claudemir Zafalon
O mês de julho se encerra sob forte clima de incerteza nos mercados globais, impulsionado pela aproximação do prazo final para a aplicação de novas tarifas comerciais dos Estados Unidos. O presidente Donald Trump anunciou nesta semana que os EUA imporão uma tarifa de 15% sobre as importações da Coreia do Sul — abaixo dos 25% inicialmente previstos — repetindo o padrão adotado em acordos recentes com Japão e União Europeia. No entanto, outros países seguem enfrentando imposições mais severas: a Índia encara tarifas de 25%, enquanto o Brasil continua submetido à taxa punitiva de 50%, sem perspectiva de acordo bilateral.
A China, por sua vez, teve seu pacto provisório com os EUA estendido, mas continua sujeita a tarifas superiores às aplicadas aos parceiros europeus e japoneses. Em movimento inesperado, Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre tubos e fios de cobre, mas os mercados reagiram positivamente após o anúncio incluir isenções e regras menos abrangentes, derrubando os preços do cobre em quase 20%.
Enquanto isso, os principais bancos centrais mantiveram a cautela: tanto o Federal Reserve (Fed) dos EUA quanto o Comitê de Política Monetária (Copom) do Brasil mantiveram suas taxas de juros inalteradas, sinalizando atenção aos desdobramentos inflacionários e comerciais no cenário internacional.
No mercado do cacau, o último pregão de julho foi marcado por falta de direção definida. O contrato de setembro oscilou entre US$ 8.146 e US$ 8.514 por tonelada e encerrou o dia com leve baixa, cotado a US$ 8.192 — queda de US$ 28. O volume negociado foi de 18.440 contratos, com 6.930 trocas efetivadas. O interesse em aberto caiu 749 posições, totalizando agora 93.074 contratos — o que sugere uma retração parcial na exposição dos investidores.
Os estoques certificados nos portos dos EUA, monitorados pela ICE, registraram nova queda e estão em 2.332.238 sacas, mantendo a tendência de aperto na oferta física.
No câmbio futuro, o contrato de dólar para vencimento em 30 de setembro foi cotado a R$ 5,64, após fechar o dia anterior a R$ 5,614. A leve valorização do dólar reflete o ambiente de aversão ao risco e a incerteza quanto à política externa norte-americana.
Com a intensificação das disputas tarifárias e o impacto ainda incerto sobre os fluxos globais de commodities, o mercado do cacau deve continuar operando sob forte influência geopolítica e cambial nas próximas semanas.
Fonte: mercadodocacau