A fabricante suíça de chocolates Lindt & Spruengli estuda transferir a produção de seus tradicionais coelhinhos de Páscoa envoltos em papel dourado da Alemanha para os Estados Unidos. A medida busca contornar as tarifas de importação impostas pelo governo Trump sobre produtos da União Europeia, que atualmente atingem em 15% as remessas destinadas ao mercado norte-americano.
Segundo fontes próximas ao assunto, o plano envolve investimentos de até US$ 10 milhões para ampliar a capacidade de produção local, incluindo não apenas os coelhinhos, mas também Papais Noéis e outras figuras ocas de chocolate.
A Lindt já possui presença consolidada no mercado norte-americano, considerado o maior consumidor de chocolate do mundo. Em 2024, a companhia registrou um crescimento de 4,9% em vendas nos EUA, alcançando US$ 843 milhões, de acordo com seu relatório anual. A expansão de sua unidade em Stratham, New Hampshire, reforça o movimento de internalizar parte da produção para atender à demanda local e minimizar riscos comerciais.
Um porta-voz da empresa declarou que a Lindt vem avaliando há anos novos investimentos em capacidade produtiva nos EUA.
“Estamos trabalhando continuamente para tornar nossa produção e cadeias de suprimentos internas mais eficientes, levando em consideração a situação atual em relação às tarifas”, afirmou. “Isso inclui revisar quais produtos são fabricados, em quais locais de produção e para quais mercados.”
A pressão não vem apenas das tarifas. O aumento nos preços globais do cacau já resultou em elevação de 16% no preço médio dos produtos Lindt no primeiro semestre deste ano. Combinado às barreiras tarifárias, o cenário força a empresa a repensar estratégias de produção e logística para proteger sua competitividade.
Além dos EUA, a Lindt também avalia transferir parte da produção destinada ao Canadá para fábricas europeias, como forma de evitar tarifas retaliatórias aplicadas por Ottawa contra produtos norte-americanos.
Embora já fabrique muitos de seus produtos localmente, a Lindt mantém especializações regionais estratégicas:
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As barras Lindor são produzidas exclusivamente na Suíça;
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A linha Excellence, de chocolates amargos, é fabricada na França;
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As criações com nozes têm origem majoritária na Itália.
Essa estratégia reflete o modelo híbrido da empresa, que busca equilibrar produção regionalizada com polos especializados para determinados produtos.
A situação da Lindt também exemplifica a preocupação crescente de companhias europeias e suíças com as tarifas impostas pelos EUA. A Suíça, em especial, enfrenta taxa de 39% sobre exportações, a mais elevada entre os países desenvolvidos. Isso tem levado diversas empresas a considerar mudanças estruturais em suas cadeias produtivas, seja via relocalização de fábricas, seja pela redução da oferta.
Fonte: mercadodocacau com informações bloomberg