O presidente John Dramani Mahama apresentou, em sua recente turnê pela região de Ahafo no sábado, 31 de maio de 2025, um conjunto de medidas para reerguer o setor de cacau de Gana, amplamente considerado em estado de colapso. Em discurso direcionado aos produtores locais, Mahama afirmou que seu governo fornecerá incentivos diretos àqueles que se dedicam à cultura do cacau, com o objetivo de restaurar a vitalidade e a sustentabilidade da cadeia produtiva.
Entre as principais iniciativas anunciadas, destaca-se a meta de expandir a área plantada em 200.000 hectares, incorporando novas regiões de cultivo ao potencial produtivo do país. Segundo o presidente, a adição dessas terras deve contribuir para o aumento da renda dos agricultores ao elevar o volume total de cacau colhido em Gana. “Planos estão em andamento para renovar o setor de cacau em colapso. Incentivos serão fornecidos aos nossos agricultores trabalhadores para aumentar a produção de cacau. Nosso objetivo é adicionar 200.000 hectares de cacau à produção de Gana para aumentar a renda dos agricultores”, declarou Mahama.
Além da ampliação territorial, o ajuste na remuneração do produtor foi outro ponto enfatizado. O governo definiu um novo preço mínimo de GH¢ 3.100 por saco de 64 kg, valor que representa um aumento marginal de 0,03% em relação à taxa estabelecida em setembro para a safra 2024/2025. Na prática, esse reajuste equivale a GH¢ 49.600 por tonelada, buscando alinhar os preços domésticos às condições do mercado internacional e proporcionar aos agricultores ganhos superiores aos praticados pela Costa do Marfim, principal concorrente de Gana na África Ocidental.
Mahama ressaltou que o novo patamar de preço para o produtor será “altamente atraente” e ultrapassará o piso adotado pelos vizinhos marfinenses. A intenção é não apenas compensar o alto custo de produção, mas também tornar a atividade mais rentável e estimular a entrada de pequenos e médios agricultores no segmento. Com isso, espera-se que as margens de lucro dos produtores de cacau ganenses se tornem mais competitivas, reduzindo a migração de agricultores para outras culturas e aumentando a fidelização ao setor.
Os incentivos previstos incluem subsídios para aquisição de insumos — como fertilizantes e defensivos agrícolas — e apoio técnico para adoção de práticas mais sustentáveis e eficientes, capazes de melhorar o rendimento por hectare. Fontes oficiais do Ministério da Agricultura afirmam que as estratégias também contemplam investimentos em pesquisa e extensão rural, voltados ao desenvolvimento de clones de cacau mais resistentes a pragas e a mudanças climáticas.
Hoje, o estoque de cacau em Gana enfrenta desafios associados à baixa produtividade e à deterioração de plantações antigas. Estima-se que, sem intervenção, o rendimento médio por hectare esteja entre os mais baixos dos grandes produtores africanos. A expansão planejada visa reverter esse cenário, aproveitando áreas de várzea e regiões menos exploradas, mas com potencial para cultivos de alta qualidade.
No momento, o preço ao produtor de GH¢ 3.100 por saco de 64 kg é inferior à média global, mas o aumento proposto busca estreitar essa diferença. O governo acredita que a combinação entre preços mais atrativos e incentivos diretos possa elevar a confiança dos agricultores, estimular a manutenção e a ampliação das lavouras, além de atrair investimentos privados para o segmento de beneficiamento e comercialização.
Em termos comparativos, a Costa do Marfim, maior concorrente na África Ocidental, mantém um preço de referência ao produtor levemente inferior ao revisado por Gana. Ainda assim, a competitividade ga nense dependerá não apenas do preço, mas também da qualidade dos grãos e da logística de exportação. Autoridades do setor destacam que o sucesso das medidas também está condicionado a melhorias na infraestrutura de transporte e na cadeia de armazenagem, pontos nos quais Gana enfrenta entraves recorrentes.
O anúncio de Mahama reforça o compromisso de seu governo com o renascimento do setor cacaueiro, atividade que historicamente responde por grande parcela das receitas de exportação do país e pelo sustento de milhares de famílias rurais. Resta agora aguardar a implementação efetiva dos incentivos e monitorar, nas próximas safras, o impacto sobre a produção e a renda dos agricultores ganenses.
Fonte: mercadodocacau com informações ghanaweb