Megaprojeto de fertilizantes da Eurochem começa a operar antes do previsto

Um dos maiores projetos para produção de fertilizantes no Brasil está prestes a entrar em operação, com obras em fase final e já acertando agendas dos governos para a inauguração.

Trata-se do Complexo Mineroindustrial de Serra do Salitre, em Minas Gerais, um projeto da Eurochem, empresa suíça de capital russo que diz já ter investido no Brasil US$ 2 bilhões desde 2016.

Ali, a empresa esperai produzir o equivalente 15% de todo fertilizante fosfatado que o Brasil consome.

“Em Serra do Salitre, o investimento total será da ordem de US$ 1 bilhão, já que compramos o ativo da Yara em 2021 e pagamos cerca de US$ 520 milhões”, disse o diretor presidente da Eurochem no Brasil, Gustavo Horbach. “Nossa estimativa era investir, para a conclusão das obras até abril de 2024, mais US$ 480 milhões”

O executivo revelou que “graças a um trabalho muito eficiente das empresas brasileiras envolvidas na obra, o ritmo foi acelerado, mas com segurança”, e será possível antecipar o início das operações, além de gastar 5% menos do que este valor total previsto inicialmente.

O projeto aprovado em conselho previa o início para abril, mas Horbach acredita que possa operar até fevereiro. “Já a inauguração oficial provavelmente seja em março, porque precisamos ajustar as agendas dos nossos executivos globais com o governo federal e o governo de Minas Gerais, estado que vai se consolidar como maior produtor de fertilizantes do Brasil”.

Horbach diz que o projeto também está muito conectado ao Plano Nacional de Fertilizantes, que pretende oferecer incentivos para que o Brasil reduza a dependência dos importados. Estima-se que 85% da matéria-prima utilizada para os fertilizantes consumidos no País ainda seja comprada em outros países.

Além da Serra do Salitre, a Eurochem já havia adquirido no Brasil, primeiramente, a Fertilizantes Tocantins, em 2016. No ano passado, assumiu participação majoritária na Fertilizantes Heringer, que enfrentava um processo de recuperação judicial.

“Queremos inaugurar Serra do Salitre o quanto antes, porque é um projeto que muda o perfil da região e muda o perfil de importação do Brasil. Vamos produzir 1 milhão de toneladas, que deixarão de ser importadas”, ressalta Horbach.

A Eurochem está comercializando atualmente no mercado brasileiro 8 milhões de toneladas e, com os novos projetos, pretende chegar a 10 milhões de toneladas anuais até 2025.

“Nosso foco para os próximos dois anos é garantir a excelência operacional das plantas que já temos, mas o processo de fusões e aquisições faz parte do DNA da empresa, continuares olhando oportunidades que possam surgir”, afirma o executivo.

Gustavo Horbach evitou comentar detalhes sobre o momento da Fertilizantes Heringer, que é listada na B3 mas está em processo de fechamento de capital.

Em junho deste ano a Fertilizantes Heringer comunicou ao mercado que sua controladora Eurochem passou a ser titular de 79,98% de suas ações, após a liquidação financeira da chamada oferta pública de aquisições de ações (OPA).

“O processo está sendo comunicado de forma muito transparente junto à CVM, porém o mais importante é que, independente de ser capital aberto ou fechado, a nossa gestão com a Heringer não é diferente”, diz.

“Ela está focada em três pontos. O primeiro é garantir operações seguras, o segundo é eficiência operacional e o terceiro é reforçar estruturas de governança”, afirmou o diretor.

Incertezas no mercado

Gustavo Horbach foi um dos painelistas do Congresso Brasileiro de Fertilizantes, realizado nesta terça-feira, em São Paulo, reunindo centenas de representantes da indústria.

Um dos destaques do evento foi o alerta de que o ritmo de compras dos insumos por parte dos produtores rurais está muito atrasado, especialmente para o milho segunda safra.

O consultor da MB Associados, Alexandre Mendonça de Barros, disse que está preocupado com um novo descompasso, com gargalos logísticos.

“Como produtor não está comprando, a indústria está importando menos e acreditamos que possa haver uma demanda gigante em cima da hora do plantio”, alertou.

Mendonça de Barros também comentou uma visão que considera equivocada, por parte de alguns produtores, de que é possível colher safras excelentes sem investir em fertilizantes.

O consultor mostrou estudos sobre reservas do solo de determinados nutrientes que realmente ajudaram o produtor a reduzir investimentos, mas não considera algo que possa ser repetido por muitos anos.

Neste cenário, a MB Agro projetou que em 2023 as entregas de fertilizantes no Brasil alcancem 42,5 milhões de toneladas. O volume fica acima das 41,3 milhões de toneladas consumidas no ano passado, mas está abaixo das previsões do início do ano, que consideravam que o Brasil poderia voltar ao patamar visto na safra 2021/2022, quando ficou acima de 45 milhões de toneladas.

O diretor presidente da Eurochem disse que o cenário descrito pela MB Agro representa a realidade em alguns estados brasileiros.

Para ele, as compras em alguns estados especificamente estão realmente atrasadas.

“Nosso produtor está cada vez mais está sofisticado, ele tem pleno domínio do que coloca de nutriente no solo e talvez as empresas de defensivos e fertilizantes estejam um pouco desconectadas desta realidade de sofisticação do produtor”, afirmou.

Horbach projeta uma demanda aquecida por fertilizantes nos próximos meses e afirmou que “as cadeias logísticas que já estão estressadas, ficarão mais estressadas ainda”.

Porém, se a logística for usada em sua plenitude, ele acredita que o número de 42,5 milhões de toneladas em entrega seja realmente factível.

Fonte:AGfeed

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