Por: Claudemir Zafalon

A combinação de uma demanda enfraquecida e preços elevados tem pressionado o mercado de cacau nas últimas sessões. Com a previsão de aumento de cerca de 10% na safra 2024/25 da Costa do Marfim, o maior produtor mundial da commodity, investidores e analistas estão atentos aos impactos na oferta e nas negociações futuras.

Aumento de Produção em 2024/25

De acordo com uma nova contagem de vagens realizada no mês passado, a safra 2024/25 do país africano deve alcançar entre 2,1 e 2,2 milhões de toneladas. A estimativa anterior, divulgada em junho, era de 2 milhões de toneladas, refletindo uma recuperação significativa após os desafios da safra anterior, afetada por condições climáticas adversas e doenças nas plantações. Para efeito de comparação, a produção de 2023/24 caiu para 1,8 milhão de toneladas, segundo dados da Organização Internacional do Cacau (ICCO).

Pressão nos Preços e Melhorias Econômicas

Embora o aumento da produção sinalize uma recuperação para a Costa do Marfim, a oferta maior, aliada aos altos preços praticados no mercado internacional, tem impactado negativamente a demanda global. Mesmo com essa pressão sobre os preços, o país conseguiu uma vantagem importante: o crescimento nas exportações e o cenário de preços elevados ajudaram a melhorar a classificação de risco da Costa do Marfim pela S&P Global Ratings, aproximando o país de uma posição de grau de investimento.

Comportamento dos Investidores

Na última sexta-feira (15), a Comissão de Comércio de Futuros de Commodities (CFTC) revelou que, entre 8 e 15 de outubro, fundos aumentaram suas posições em 3.155 contratos, ficando com uma posição líquida comprada de 36.428 contratos. Esse movimento indica uma confiança moderada dos investidores em um potencial ganho de valorização no curto prazo, mesmo diante das incertezas quanto ao comportamento da demanda global.

Perspectivas para o Mercado de Cacau

Com o início da nova safra em outubro e uma oferta mais robusta, as atenções se voltam para como o mercado vai absorver esse crescimento. Se por um lado os preços elevados podem continuar a restringir a demanda, por outro, o aumento da produção e a melhoria no ambiente macroeconômico da Costa do Marfim podem reforçar a confiança dos investidores e fortalecer as exportações.

O equilíbrio entre oferta e demanda será essencial para definir a trajetória dos preços nos próximos meses, especialmente considerando as incertezas globais e a sensibilidade do mercado a variações climáticas e econômicas.

Fonte: mercadodocacau