Por: Claudemir Zafalon
Na última sessão de 2024, o mercado de cacau encerrou o ano com forte volatilidade, impulsionado por uma combinação de fatores como baixa liquidez, incertezas climáticas e estoques historicamente baixos. O contrato mais ativo de cacau em Nova York registrou ontem um salto de 14%, a maior alta diária desde maio, enquanto os futuros em Londres acompanharam o movimento, também subindo 14%.
A recuperação parcial ocorre após uma semana marcada pela realização de lucros, que havia pressionado os preços recordes. Entretanto, o cenário climático adverso em importantes regiões produtoras reforçou as preocupações sobre a oferta, limitando a queda nos preços.
Impactos do Clima na Costa do Marfim
A Costa do Marfim, maior produtora mundial de cacau, enfrenta os efeitos prejudiciais do vento Harmattan, que traz ar seco e poeirento à região. Agricultores relataram que os cacaueiros estão começando a sentir o impacto, com folhas amareladas e vagens pequenas murchando.
Na última semana, não foram registradas chuvas nas principais áreas de cultivo, como Daloa, Bongouanou e Yamoussoukro. Esse tempo seco ameaça a qualidade dos grãos e pode reduzir significativamente a oferta a partir de fevereiro. Para garantir uma colheita intermediária favorável em abril, os agricultores ainda dependem de chuvas regulares para estimular a floração e o desenvolvimento dos frutos.
Baixos Estoques e Alta Demanda
Outro fator que sustenta os preços elevados é o nível crítico dos estoques certificados na bolsa do ICE, que atingiram o patamar mais baixo em 20 anos, com apenas 1.367.084 sacas. Essa escassez reflete o aumento da demanda em um contexto de oferta limitada, agravando ainda mais a pressão no mercado.
Perspectivas para 2025
À medida que o mercado se prepara para o próximo ano, os traders permanecem atentos às condições climáticas na África Ocidental e à dinâmica de oferta e demanda global. A volatilidade deve continuar sendo uma marca do mercado de cacau, especialmente diante da incerteza sobre a recuperação das condições climáticas na Costa do Marfim e a capacidade de reposição dos estoques.
Fonte: mercadodocacau