Nos últimos 12 meses, o preço da tonelada de cacau variou entre US$ 3,9 mil e US$ 11,7 mil. Esse desequilíbrio na principal matéria-prima do chocolates não afetou os planos de expansão da Dengo, marca de chocolates premium fundada por Guilherme Leal, acionista de referência da Natura.
A primeira transformação interna na companhia foi a extinção da divisão da cadeira de CEO, que até então era ocupada pelo cofundador da empresa, Estevan Sartoreli, e pelo executivo Tulio Landin.
Agora, Landin, que já atuou como CEO de empresas com plano de crescimento agressivo como a Track&Field, está encarregado de levar a Dengo para outro patamar. E Sartoreli continuará ativo na companhia, mas com uma posição no conselho de administração.
“Essa mudança acontece de uma forma muito natural e estruturada, com o Estevan passando a ocupar esse lugar de cofundador, com sua sabedoria e conhecimento sobre o negócio, enquanto eu fico responsável por tocar os planos de expansão da marca, com a função de levar a empresa para outro patamar”, afirma Landin.
O desafio do novo CEO é praticamente dobrar o número de lojas das atuais 52 para 120 até 2026. E chegar a 240 pontos-de-venda até 2030. A estratégia para esse crescimento acelerado será por meio de franquias.
Apenas neste ano, a Dengo já ultrapassou as expectativas, que previam a abertura de quatro unidades no modelo franqueado. Até dezembro, esse número chegará a 11 lojas. Em cinco anos, a ideia é que 85% dos pontos-de-venda sejam franqueados.
“Nós começamos o projeto de franquias em agosto de 2023, para tirar do papel em fevereiro de 2024, quando teríamos duas lojas assinadas”, conta Landin.
“O resultado foi tão bom que nós vamos fechar 2024 com 11 unidades abertas e, para 2025, esse número deve superar 25 lojas novas”, complementa.
Junto à expansão, a Dengo vai ampliar as lojas com cafeterias. Atualmente, existem seis unidades que servem cafés, doces e salgados. E outras seis estão em fase final de testes.
Ao longo do ano, a marca divulgou que faria investimentos de US$ 20 milhões na expansão internacional. Em 2023, a Dengo abriu duas lojas na França. A primeira no bairro de Montmartre, enquanto a nova loja está situada em Saint-Germain-des-Prés, área nobre da cidade conhecida como Le Quartier Latin.
A empresa também direcionou R$ 100 milhões no aumento da capacidade operacional. O recurso foi empregado na nova fábrica da Dengo em Itapecerica da Serra, cidade próxima à capital paulista.
Prevista para ser inaugurada em maio do ano que vem, a nova unidade terá capacidade de produção de 24 toneladas de chocolate por dia. Essa expansão já será suficiente para dar suporte às novas unidades da Dengo.
A Dengo está de olho no apetitoso crescimento do mercado de chocolates. De acordo com o levantamento realizado pela Mordor Intelligence, esse segmento movimenta em torno de US$ 3,3 bilhões (pouco mais de R$ 19 bilhões) no País e, até 2029, deve ultrapassar a casa dos US$ 4 bilhões.
Em paralelo à nova planta industrial, a Dengo está em processo de análise para expandir o plantio do cacau. Atualmente, a empresa emprega 206 famílias de produtores locais do sul da Bahia e está de olho em novas regiões na Amazônia.
“Nossa perspectiva é crescer a produção na Bahia, mas, além disso, nós já estamos comprando cacau de alguns produtores da região amazônica. A ideia é que, ao longo do tempo, a Dengo seja também a empresa das florestas brasileiras, movimento que dá trabalho e necessita de investimento, principalmente na contratação de pessoas”, diz o CEO.
Com esse crescimento, a empresa espera atingir 2 mil famílias e continuar crescendo esse número ao longo dos anos, sem perder as premissas que fizeram a Dengo nascer.
“Apesar dos preços da matéria-prima, nós continuamos focados em não mudar nada da nossa estrutura de empresa, que é fundamentada em ter um chocolate com mais cacau, menos açúcar e sem gordura hidrogenada. É isso que vamos continuar fazendo daqui pra frente”, afirma Landin.
Fonte: Neofeed