Em sua primeira entrevista depois de nomeada ministra da Agricultura pela Presidente Dilma Rousseff, a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) falou sobre a PEC 215 e a Questão Indígena. Segundo ela, a PEC não atrapalhará mais as demarcações de terras indígenas do que a situação atual. "Não vai sair mais nada nunca do jeito que está", disse Katia Abreu à jornalista Mônica Bergamo, do jornal Folha de São Paulo.
Ainda de acordo com a Ministra da Agricultura, as decisões recentes do Supremo Tribunal Federal (STF) com base no julgamento da caso Raposa Serra do Sol acabaram com a farra das demarcações da Funai. "Até então tinham saído várias demarcações, de forma equivocada, empurradas pela Funai a toque de caixa", disse Katia Abreu.
A Senadora afirma que o problema da questão indígena é a forma expropriatória como são feitas as demarcações. "Não temos problema com terra indígena, a nossa implicância é com a legalidade. Se a presidenta entender que os pataxós estão com a terra pequena, arruma dinheiro da União, compra um pedaço de terra para eles e dá. Ótimo. Eu só não posso é tomar terra das pessoas para dar para outras", asseverou.
O atual processo de demarcação, em geral feito a revelia das decisões do STF, resulta na anulação dos títulos e expulsão dos atuais donos da terra para que elas possam ser devolvidas aos índios. O produtor que tem a terra demarcada é expulso dela sem direito a nada e se torna um indigente rural.
Impressiona na entrevista da Folha de São Paulo a atitude da jornalista Mônica Bergamo. Ao ouvir de Katia Abreu que o Governo não pode tomar terra de produtor para dar para os índios a jornalista emendou: "As terras dos índios também foram tomadas". Assim mesmo, sem o ponto de interrogação. Não foi uma pergunta, foi uma afirmação.
Na cabeça de gente como Bergamo, o fato de que os índios tiveram a terra tomada no passado justifica que os agricultores tenham a terra tomada no presente para que sejam devolvidas aos índios. É a correção da violência com a violência. Esse é o cerne do problema. Boa parte da população pensa dessa forma, embora não compreenda as consequências do raciocínio.
Ao ouvir o choramingo da jornalista sobre a expulsão dos índios como justificativa para a expulsão dos agricultores, Katia Abreu emendou: "Então vamos tomar o Rio de Janeiro, a Bahia. Por que o raciocínio só vale em Mato Grosso do Sul? Fonte: Questão Indígena