Nestlé abre mão do 1º lugar em chocolates

A proposta feita pela Nestlé ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para a solução do ato de concentração entre a empresa e a Garoto está sob análise do conselheiro Alexandre Cordeiro Macedo, que ainda não sinalizou quando levará o caso ao plenário.Mas uma fonte disse ao Valor que a Nestlé está propondo perder a liderança do mercado de chocolates e que isso deve ser confirmado, dando solução a uma disputa de 12 anos entre a empresa e o Cade.

A vice-líder do setor de chocolates é a Mondelez, dona das marcas Lacta, Milka e Toblerone.

A proposta da Nestlé envolve a venda de algumas marcas, mas a fonte não especificou quais. Segundo o jornal “O Globo”, a Nestlé estaria disposta a desfazer-se da marca do bombom Serenata de Amor. “Considerando que a proposta encontra-se sob avaliação, a Nestlé está impossibilitada de fazer comentários adicionais sobre o caso”, informou a companhia.

No Cade, não há um prazo para o conselheiro Macedo apresentar o seu voto e levar o caso ao plenário. A próxima sessão do Cade está agendada para o dia 27.

No ano passado, a fatia total da Nestlé no mercado brasileiro era de 43%, sendo 23% da Garoto. A Hershey’s elevou sua participação de 3% para 4% entre 2006 a 2015 e a Ferrero ganhou um ponto percentual em igual período, subindo para 3,7%, segundo a Euromonitor. A Mondelez saiu de uma fatia de 33% para 31% em nove anos. Os tipos “ao leite” representam 63% do mercado, mas a demanda por chocolates com percentuais mais altos de cacau, vindos da Bahia ou de produtores como Peru, Gana e Venezuela, está crescendo.

Em 2004, dois anos após o anúncio da aquisição da Garoto pela Nestlé, o Cade decidiu impedir a união ao concluir que a multinacional suíça ficaria com 58% do faturamento do mercado de chocolates no país, com prejuízo para a concorrência. A Nestlé, então, foi à Justiça. Em 2007, obteve uma vitória em primeira instância, abrindo uma sucessão de disputas nos tribunais. A Nestlé é dona da Garoto, mas, desde o veto, as companhias mantêm operações e administrações separadas.

A Garoto encerrou 2015 com lucro líquido de R$ 35,8 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 158,4 milhões informado 12 meses antes, principalmente devido a controle de custos e despesas. A receita líquida somou R$ 1,48 bilhão, baixa de 1,64% na comparação anual.

Em maio, o Cade e a Nestlé anunciaram que estavam, em conjunto, retirando ação relativa ao caso Garoto das mãos da justiça comum.

A nota divulgada neste domingo pela Nestlé informa que a empresa “entende que com a evolução do marco legal do antitruste, mediante a entrada em vigor em 2012 da nova lei concorrencial, é natural que casos judicializados da lei anterior sejam resolvidos.”

A Nestlé afirmou que tem investido na ampliação e modernização de linhas de operação da fábrica da Garoto, em Vila Velha (ES). Além disso, promoveu uma ampla renovação do portfólio da Garoto, aumentou os pontos de distribuição, resultando em maior exposição de suas marcas e fomentando o desenvolvimento dos seus parceiros comerciais.

“Atualmente, exporta seus produtos para mais de 40 países. Também tem se dedicado ativamente a acelerar a melhor capacitação de fornecedores locais de cacau, trabalhando em parceria com o Incaper (Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural). (Colaborou Tatiane Bortolozi). Fonte: Valor

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