Números da ICCO mostram déficits na cadeia de suprimentos do cacau em meio à alta volatilidade nos preços globais

A Associação Internacional do Cacau (ICCO, na sigla em inglês) divulgou seu último boletim trimestral, revelando que os déficits nas safras de cacau “devem ser maiores” do que o previsto anteriormente. A escassez de suprimentos nos principais países produtores da África Ocidental, como Gana e Costa do Marfim, é um dos principais fatores desse déficit, conforme relata Neill Barston.

Significativamente, essa situação ocorre em um momento de alta volatilidade nos preços globais do cacau. Os preços atingiram máximas históricas nos mercados de commodities futuros em Nova York e Londres, alcançando US$ 12.000 por tonelada em abril, antes de cair mais de 30% para pouco mais de US$ 7.000 no mês seguinte, confundindo observadores do mercado. No entanto, em maio, os preços retomaram o pico anterior, com a tonelada de cacau sendo negociada por cerca de US$ 9.300, ainda mais de três vezes o valor registrado há apenas 18 meses.

De acordo com o ICCO, a produção global de cacau deve cair 11,7%, para 4,461 milhões de toneladas, e a moagem deve diminuir 4,3%, para 4,855 milhões de toneladas. Essa redução na oferta global está afetando consumidores em todo o mundo, com os fabricantes repassando os custos mais altos aos compradores. Em dezembro passado, as faixas de prêmios sazonais aumentaram os preços em mais de 30%, situação que se repetiu na Páscoa, devido aos custos elevados de processamento e aos preços altos do cacau e do açúcar.

Apesar da incerteza inicial sobre a demanda de cacau devido ao aumento dos preços, os dados atuais indicam que as atividades de moagem nos países importadores permanecem intensas, mesmo com os preços recordes. No entanto, a moagem nos países produtores desacelerou devido à escassez da amêndoa, apesar dos investimentos significativos em agregação de valor nesses países.

A ICCO também observou que as exportações globais de amêndoas de cacau e produtos semiacabados, medidas em equivalente de feijão, atingiram 2,36 milhões de toneladas entre outubro e dezembro de 2023, uma queda de quase 6% em comparação com as 2,5 milhões de toneladas registradas no mesmo período da temporada anterior. Essa diminuição nas atividades comerciais pode ser atribuída à restrição na oferta dos principais países produtores da África Ocidental.

A remuneração dos agricultores em meio à disparada dos preços do cacau foi um dos temas centrais da recente Conferência Mundial do Cacau. O evento destacou a importância vital de garantir um salário digno aos agricultores em mercados-chave, como Gana e Costa do Marfim, para a sustentabilidade futura da indústria.

Fonte: confectioneryproduction

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