Assim como o vinho, o café e o azeite, o chocolate enfim alcança sua posição dentro do mercado de produtos Gourmet. Define-se por produtos “Gourmet”, aqueles capazes de entrarem diretamente na interpretação de qualidade superior, sem qualquer indício de esnobismo ou elitismo.

O produto gourmet pretende se comprometer única e exclusivamente com a ideia de alta
valorização, representando um estilo, um ideal de consumo agregado a uma experiência palatar, uma verdadeira viagem gastronômica.

Costumo dizer que o chocolate gourmet, não engorda, pois ele não vai diretamente para o estomago e sim para o coração.

Chocolate gourmet, também denominado chocolate fino, define-se como um produto puro, claro, despido, que ao sair da segmentação de produção industrial, não precisa mais se comprometer com processos ou leis de comércio, corrompendo suas ancestrais formulações.
O que conhecemos em geral como chocolates, “são produtos doces, sabor chocolate“, e não a
expressão pura da natureza, valorizada numa única colheita ou blend de diversas espécies.

Assim como uma cerveja gourmet, dentro das leis de fabricação de cervejas dos monges ancestrais, deve ser fabricada somente a partir de cereais maltados, fermento, água e lúpulo, além de especiarias, claro, estas capazes de enriquecer qualquer criação.

Um chocolate gourmet apresenta-se em suas criações, unicamente a partir de massa de cacau,
manteiga de cacau, açúcar e especiarias. Além, claro, da aceitável cota de lecitina de soja, a qual não interfere em sabor e que é facultativa.

Não bastando o quesito sabor, um chocolate gourmet deve ainda atender a outros critérios que
contribuem para o universo do deleite como aroma, textura, cor, quebra, tempo de derretimento e forma. Todos, fatores fundamentais para a perfeita percepção dos prazeres do paladar.

Enfim, este é um chocolate que deve ser muito bem trabalhado a partir da base – suas amêndoas,
com uma cautelosa e consciente fermentação, secagem e torrefação, para depois ser classificado e balanceado numa receita (porcentagem de massa) capaz de tirar o proveito de todas as suas notas naturais, para aí sim, envolto em uma embalagem à altura, conquistar o cliente e poder ser exposto à harmonização com outros parceiros tão gourmets quanto ele, como um vinho, um whisky, um café, um chá e até uma cerveja.

Um verdadeiro chocolate Gourmet, como em regra todos os produtos assim classificados, representa em seu resultado final a integração e valorização de toda sua cadeia produtiva, sendo fundamental, a atuação do agricultor com todo o seu Know-How de cultivo, a qualidade técnica de laboratório e manufatura, e os conhecimento e capacidade criativa do maître chocolatier.

Ao adquirir um chocolate gourmet, o consumidor percebe ter em mãos um produto único,
comprometido com conceitos como sabor, saúde, beleza e bem-estar. E para poder tirar o melhor proveito de todas as suas nuances, deve-se procurar aprender a degustá-lo, e permitir-se combiná-lo com diversas experiências gastronômicas, capazes de enriquecer a alma e o coração.
Assim se define para mim uma única, deliciosa e doce viagem gastronômica.

Texto de: Mirian Rocha Pinkowski
Maître Chocolatier