Os ovos de Páscoa vão chegar às lojas e supermercados até 10% mais caros neste ano, segundo as estimativas dos fabricantes. É quase o dobro da inflação acumulada desde a mesma data do ano passado até agora.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado de abril (mês da Páscoa no ano passado) até dezembro de 2014 foi de 4,14%.
Nesta terça-feira (20), a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab) promoveu em São Paulo o Salão de Páscoa, evento que reúne parte dos fabricantes e suas novidades para a data.
A expectativa do vice-presidente da Abicab, Ubiracy Fonseca, é que a produção para a Páscoa 2015 se mantenha em 20 milhões de toneladas (cerca de 100 milhões de ovos), os mesmos números registrados em 2014 entre os associados da entidade, que representam 92% do mercado.
Dólar em alta tem impacto no cacau e nos brindes
Os fabricantes creditam o aumento nos preços principalmente à alta do dólar, que tem impacto no valor do cacau. Entre 25% e 30% do cacau usado na produção é importado, e ele é cotado na Bolsa de Nova York, nos Estados Unidos.
Os preços dos brinquedos que são dados como brindes nos ovos destinados ao público infantil também subiu, porque a maioria é importada da China.
Pedro Abondanza, gerente de marketing da Nestlé, prevê uma alta de até 10% nos preços. Arcor e Grupo CRM (que reúne as marcas Kopenhagen e Brasil Cacau) dizem que os ovos serão vendidos a preços 8% maiores neste ano.
Na Cacau Show, a estimativa de aumento é um pouco menor, de 4%, segundo a diretora e marketing Raquel Massagardi.
Empresas estão mais cautelosas em relação às vendas
Os fabricantes também estão mais cautelosos quanto às vendas. A Nestlé espera estabilidade na comparação com 2014. A empresa retirou alguns produtos do portfólio (como o ovo Lollo, lançado há dois anos) e focou nas marcas mais fortes, como Kit Kat.
A Lacta, que vende alguns dos ovos mais populares da Páscoa, como Sonho de Valsa e Diamante Negro, também espera manutenção nas vendas.
A Arcor prevê crescimento de 5%. Nos anos anteriores, o aumento nas vendas da empresa durante a Páscoa foi sempre de dois dígitos (25% em 2014, em relação a 2013, e 30% em 2013, ante 2012).
A expectativa é melhor nas empresas que vendem chocolate em lojas próprias, e não no grande varejo. A Cacau Show espera vender, nesta Páscoa, 25% mais do que em 2014. No Grupo CRM, fala-se em 14%.
Produção total teve queda de 2% em 2014
Não é só com relação à Páscoa que o mercado de chocolates vem apresentando resultados menos otimistas do que os dos últimos anos.
Segundo a Abicab, entre janeiro e setembro de 2014, a produção geral de chocolates teve queda de 2% no Brasil. Ubiracy Fonseca, vice-presidente da associação, diz que os números finais de 2014, quando forem fechados os cálculos até dezembro, devem ficar nessa faixa.
"Estamos em um cenário recessivo, de crescimento baixo, inflação alta, descontrole das contas públicas e aumento de impostos, e tudo isso tem efeitos no setor", diz. Fonte: Uol