Pará: de onde vem o novo chocolate gourmet brasileiro

Um top chef local, devoto dos ingredientes de seu terroir, e duas especialistas de bagagem internacional. Em comum, a admiração pelo “novo tempo” do chocolate brasileiro: as sementes de cacau vindas da região de Medicilândia, no Pará, e os chocolates finos que delas têm sido produzidos.

Durante a edição 2015 do Festival Internacional de Chocolate & Cacau da Amazônia, no Hangar Centro de Convenções, em Belém-PA, ao tempo em que o chef paraense Thiago Castanho mostrava cardápio inédito sob influência do cacau amazônico, as especialistas Chloé Doutre-Roussel e Maria Fernanda di Giacobbe exaltavam o encantamento com o chocolate gourmet feito no norte do país.

Conhecida como “Madam Chocolat”, a francesa Chloé é uma das maiores autoridades do mundo. Veio a Belém ministrar concorridas oficinas e palestras. “Há um enorme futuro à frente. Aqui é um mundo antigo do cacau, mas que só agora está sendo descoberto.

E todos os fabricantes de chocolates finos do mundo, que sempre buscam novas origens, em breve transformarão o Pará numa origem muito requisitada”, prevê. “Aqui há uma diversidade de aromas e sabores muito interessantes, que não há nas amêndoas do cacau da Bahia”.

Literalmente intitulada embaixadora do cacau e chocolate de seu país, a venezuelana Maria Fernanda igualmente assina embaixo: “O Pará está destinado a mostrar uma riqueza de cacau e um novo sabor que o mundo anda desconhece”.

É um produto que encanta, um cacau de personalidade, amazônico, um novo sabor para o universo do chocolate, que está sendo muito bem utilizado por chocolateiros locais. E pode-se dizer que estamos vendo um ‘descobrimento antigo’, já que esse cacau está por aí há muito tempo”, conclui.

Por sua vez, Thiago Castanho, do renomado restaurante Remanso do Bosque, assina novo cardápio com maravilhas como o imperdível “filhote assado em folhas de cacau” – com resultado espetacular, o peixe amazônico vai ao forno untado com licor de cacau e mel de uruçú.

O chef frisa que descobriu o potencial do cacau e chocolate de seu estado há poucos anos, através do hoje famoso chocolate da ilha do Combu, produzido pela ribeirinha Dona Nena.

“Eu me encantei. Naquela época, só produziam chocolate ela e a Cacau Way, do pesquisador De Mendes e do chef Fábio Sicília. Agora, temos um festival próprio com a participação de inúmeros produtores”, anima-se.
Para o chef, a diferença é que, durante muito tempo, o Pará forneceu suas sementes de cacau para o mundo inteiro como commodity barata – hoje, isso mudou. “A produção está verticalizada, e o cara da base, que não ganhava quase nada, hoje sabe que pode transformar aquela amêndoa num chocolate de muita qualidade feito por ele mesmo”.

Com o segmento em alta mesmo em meio à crise econômica, o empresário Marco Lessa, da M21, agência produtora do evento, anuncia a realização da primeira edição do Festival Internacional do Chocolate & Cacau no sudeste: “Será em São Paulo, em maio ou junho de 2016″.

“Além de produtores brasileiros, já temos confirmada a presença de mais de uma dezena de marcas de chocolates de origem da América do Sul. E estamos também negociando para 2016 uma edição em Teresópolis, no Rio de Janeiro”, finaliza.

por Carlos Eduardo Oliveira, de Belém-PA
Fonte: Revista Agosto

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