O Equador, o maior produtor das sementes aromáticas utilizadas para fabricar chocolates finos, provavelmente vai perder cerca de 15 por cento da safra de cacau deste ano depois que fortes chuvas prejudicaram as fazendas na região litorânea do país andino, disse a Associação Nacional de Exportadores de Cacau.
A Anecacao, como a associação é conhecida, diminuiu para cerca de 230.000 toneladas sua projeção para 2015, frente à estimativa de 260.000 toneladas a 280.000 toneladas feita em janeiro, disse Iván Ontaneda, presidente da organização, em entrevista por telefone, de Guayaquil, na quarta-feira. Chuvas mais fortes que o normal desde abril têm prejudicado a colheita de meados do ano e estão estragando as flores das árvores que deveriam dar fruto a partir de setembro, disse ele.
O mal tempo no Equador se soma a problemas na África Ocidental, onde enchentes na Costa do Marfim e em Gana, os maiores produtores de cacau do mundo, estão bloqueando estradas e deixando que as vagens de cacau apodreçam nas árvores.
"Estamos preocupados com o clima", disse Ontaneda, que também é CEO da exportadora de cacau Eco-Kakao SA, com sede em Guayaquil. "No momento, devido às chuvas que tivemos, muitas flores caíram dos cacaueiros, o que significa que a colheita principal também sofrerá uma importante redução".
Cerca de 30 por cento a 40 por cento das safras na província equatoriana El Oro, no litoral do país, estão afetadas, disse Ontaneda. Na província de Los Ríos, cerca de 15 por cento a 20 por cento dos cacaueiros estão estragados e, na província de Esmeraldas, no norte do país, até 20 por cento da colheita foi prejudicada, disse ele. A principal colheita do Equador começa em setembro e dura até março.
El Niño
Os cultivadores, que produziram cerca de 245.000 toneladas dos grãos no ano passado, continuam monitorando o padrão climático El Niño e estão se preparando para um impacto de moderado a severo, disse Ontaneda. O Equador exporta cerca de 95 por cento do cacau que produz, disse ele.
El Niño tem o potencial para afetar o clima e as safras do mundo inteiro ao cozinhar partes da Ásia, derramar chuvas em toda a América do Sul e levar verões mais frios para a América do Norte.
Os índices de temperaturas da superfície do mar para as regiões central e oriental do Oceano Pacífico tropical estão mais de um grau Celsius acima da média há seis semanas, segundo a Secretaria de Meteorologia da Austrália. Modelos mostraram que a região central do Pacífico esquentará mais nos próximos meses, segundo a Secretaria. Fonte: Uol