Produção menor de cacau em Gana põe em risco cumprimento de contratos

O tempo seco e a aplicação tardia de agrotóxicos para proteger as lavouras de cacau causaram uma queda de quase um terço da produção de Gana, levantando a possibilidade de que o país não seja capaz de fornecer produto suficiente para cumprir seus contratos. Em compensação, os produtores podem ter um novo fôlego no ano que vem com o governo fornecendo mudas e agrotóxicos diretamente aos agricultores e voltando atrás em algumas mudanças que tinha feito no seu programa de subsídio.

 

Há uma grande vulnerabilidade no mercado futuro de cacau, com o excesso de confiança na Costa do Marfim e em Gana, que juntos respondem por mais da metade do abastecimento da amêndoa no mundo. No ano passado, os preços subiram sustentados pelo surto de ebola na África, que levantou receios de que a produção da amêndoa seria interrompida. A doença, no entanto, não chegou a atingir a Costa do Marfim ou Gana e os preços recuaram quase 21% em um período de quatro meses. Este ano, Gana deve produzir 696 mil toneladas, de acordo com a Organização Internacional do Cacau (ICCO na sigla inglês).

 

A previsão inicial apontava um aumento de quase 1 milhão de toneladas, ante o ano passado. Agora, a colheita menor está levantando dúvidas se Gana poderá cumprir seus contratos de vendas que o Conselho de Cacau (Cocobod) fez no início da temporada com base nas previsões iniciais. Em março, o Cocobod ofertou 850 mil toneladas de cacau. A Cocobod se recusou a comentar o assunto. "Há certos compradores que esperam até 200 mil toneladas de cacau e alguns deles fazem questão de que o produto seja de Gana", disse Damien Thouvenel, um trader da Sucden em Paris."Eles têm linhas de produtos que dizem ‘Gana’ na embalagem do chocolate e, sendo assim, não podem simplesmente trocar por amêndoas da Costa do Marfim”, disse.

 

Os preços do cacau estão subindo com os processadores em busca dos poucos grãos ganeses no mercado. "O déficit de produção está apertando todos na indústria", disse um funcionário da processadora West African Mills (Wan). "Nós não estamos operando em nossa capacidade total, porque não há fornecimento de matéria-prima." O funcionário, que não quis ser identificado porque não está autorizado a falar em nome da empresa, disse que alguns processadores e exportadores não devem se recuperar facilmente das perdas, porque foram poucos os que anteciparam a queda, depois de anos de crescimento constante na produção.

 

Em um esforço para reduzir os seus custos, o governo de Gana iniciou uma redução gradual na distribuição de mudas de cacau e agrotóxicos aos quase 1 milhão de produtores de cacau. Em vez disso, concordou em pagar aos agricultores um preço mais elevado para o produto e deixar que eles mesmo se encarregassem da compra de insumos.

 

Mas dois anos de preços baixos levaram os agricultores a embolsar o dinheiro extra do governo, em vez de investir em suas fazendas. Quando o governo descobriu que isso estava acontecendo, retomou a entrega dos produtos químicos para matar as pragas e fungos.

 

No entanto, a entrega de agrotóxicos chegou atrasada, deixando o cacau vulnerável, de acordo com um porta-voz da associação dos produtores do país. Enquanto a produção está encolhendo, a demanda continua alta. A ICCO recentemente revisou sua previsão de que o consumo pode exceder a produção em 38 mil toneladas este ano. Fonte: Globo Rural 

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