Por Isabel Delmondes

Sul da Bahia, fevereiro 2022

65 anos de um órgão que já foi o orgulho do sul da Bahia.

Nossos pais e avós trabalharam duro para que esse centro de pesquisas existisse. Doamos, durante décadas, 10% de tudo o que exportávamos em cacau para a construção de um centro de pesquisa de alto nível. Somos donos do maior banco de germoplasma de cacau do mundo. Durante algumas décadas foi o nosso orgulho, cresceu e passou a trabalhar por todos os produtores de cacau do país.

Foram feitos estudos de solos, estudos de insetos que vivem nas regiões produtoras de cacau. Controlamos a podridão parda. Foram criadas estações experimentais, a UESC e a extinta EMARC, que formou excelentes técnicos, são filhos da CEPLAC. Fomos pioneiros na extensão rural no Brasil. Em todas as cidades cujo principal produto agrícola fosse o cacau, lá existia um escritório avançado da CEPLAC para atender às necessidades dos produtores.

Veio a introdução da vassoura-de-bruxa e a CEPLAC não estava preparada para tal calamidade. Mas, um tempo depois, já existiam estudos de clones resistentes e, além disso, foi desenvolvido um fungicida, o TRICOVAB que, infelizmente, por motivos que desconheço, nunca foi colocado no mercado. 

Infelizmente, nosso maior centro de pesquisas do cacau, encontra-se sucateada, maltratado e decadente.

De um centro de pesquisas de excelência, a CEPLAC passou ser usada politicamente, sua diretoria e superintendências deixaram de observar critério técnico administrativo para atender a interesses de políticos. Além disso, somos, todos os produtores de cacau, vítimas de políticas públicas erradas. Mas não vamos desistir. Nós, temos a fibra necessária para lutar.

Texto de autoria da produtora de cacau Isabel Delmondes.