Produtores de Cacau em Gana Ameaçam Bloquear Acesso do COCOBOD em Protesto Contra Preço ao Produtor

Uma coalizão de agricultores de cacau em Gana anunciou que poderá proibir a entrada de agentes do órgão regulador nacional, o COCOBOD, em suas fazendas como forma de protesto contra o preço ao produtor definido para a próxima temporada. A medida reflete a crescente insatisfação de mais de 300 mil produtores, que consideram a nova remuneração insuficiente diante da alta nos custos de produção.

Segundo os produtores, o preço estabelecido não é competitivo em relação ao pago em países vizinhos, como a Costa do Marfim e o Togo, o que pode estimular ainda mais o contrabando ilegal. Alguns agricultores afirmaram abertamente que levariam toda a sua colheita para o mercado marfinense caso estivessem próximos da fronteira.

“Se eu estiver perto da fronteira com a Costa do Marfim, provavelmente todos os meus grãos de cacau irão para a Costa do Marfim porque o governo não tem sido justo conosco”, declarou o agricultor Tamakloe, em tom de protesto.

A ameaça de bloquear a entrada dos técnicos do COCOBOD representa uma escalada no impasse entre governo e produtores. Os agentes de extensão rural desempenham papel crucial no setor, visitando propriedades para monitorar lavouras, oferecer assistência técnica e orientar os agricultores. Caso sejam impedidos de atuar, todo o sistema de apoio agrícola corre risco de paralisação em áreas estratégicas de produção.

O contrabando já representa uma preocupação crítica para a economia cacaueira de Gana. De acordo com números oficiais, o país perdeu cerca de 160.000 toneladas de cacau para o comércio ilegal transfronteiriço apenas na temporada 2023/24. Essa prática fragiliza as receitas do Estado, reduz o volume oficial de exportações e compromete a imagem do setor.

Entre as principais reclamações dos produtores está o aumento expressivo dos custos de insumos e serviços. Kwame Alex, agricultor da região central, destacou que o preço atual do cacau não cobre os gastos básicos da lavoura. “Um inseticida custa hoje 150 cedis, enquanto o aluguel de equipamentos pode chegar a 100 cedis por dia. Como podemos sobreviver com o preço que nos foi dado?”, questionou.

A insatisfação crescente dos produtores coloca pressão sobre o governo ganês, que já enfrenta dificuldades para conter o contrabando e garantir o abastecimento da indústria nacional. O impasse deverá ser um dos maiores desafios para a nova temporada, podendo impactar tanto o equilíbrio da cadeia produtiva quanto a competitividade do cacau de Gana no mercado internacional.

Fonte: mercadodocacau com informações reuters

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