Cooperativas e associações de produtores do Sul da Bahia, estão sendo beneficiadas por tecnologia de secagem de amêndoas de cacau que evitam a emissão de carbono, fazendo com que o cacau já reconhecido por estocar 43,5 milhões toneladas de carbono no Sul da Bahia, por meio do sistema agroflorestal cacau cabruca, agora neutralize as suas emissões, contribuindo para minimizar, ainda mais, os impactos das mudanças climáticas globais.
É o caso da Cooperativa de Gandu localizada no baixo Sul da Bahia que deve atingir até o final deste ano a marca de 700 toneladas de cacau seco sem nenhuma emissão de carbono para a atmosfera.
Atualmente com 1.300 associados a COOPAG, vem desde do ano de 2009, exportando lotes de cacau fino para a Itália e outros países. No início deste processo um gargalo encontrado para a consolidação nesse mercado, foi à detecção de lotes classificados com a presença de fumaça. Isto, em função da forma tradicional de secagem do cacau na região, que utiliza secadores artificiais com queima de madeira, o que promove o desmatamento da mata atlântica, a emissão de carbono para a atmosfera e a consequente perda da qualidade pela contaminação das amêndoas.
A partir deste cenário a cooperativa procurou auxilio do Instituto Cabruca que junto com a Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC e o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPQ e Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA, iniciaram um projeto inovador de padronização da qualidade do cacau, com foco no uso de estufas plásticas como uma alternativa a secagem a fogo.
Segundo a pesquisadora Adriana Reis do Instituto Cabruca “hoje, a secagem natural, praticada ao sol é uma alternativa economicamente viável ao produtor da região, que reduz os custos da mão de obra, o desmatamento e a emissão de C para a atmosfera. Tudo começou com a instalação de uma estufa demonstrativa” Reis também relata, que o Instituto Cabruca, seguindo o exemplo do que aconteceu em Gandu, já instalou mais 12 estufas demonstrativas em comunidades de agricultores familiares espalhadas por toda região Sul da Bahia.
A partir da parceria iniciada com a COOPAG e de uma parceria mais recente com a Mondelez Internacional, o número de estufas plásticas na região não parou de subir, bem como o volume de cacau comercializado com valor agregado, que subiu de 90 toneladas de amêndoas em 2012 para 700 toneladas em 2014. Isto representa cerca de 30% do cacau da cooperativa. Os resultados também atingiram o aumento do número de sócios que passou de 800 para 1300 em dois anos, e o aumento de 15% em média do valor de comercialização do produto.
Evitando a Emissão de Carbono:
A tecnologia de secagem natural por estufas plásticas irá evitar a emissão de 722,4 toneladas de CO2 em 2014, é o que afirma Nira Fialho, Secretária Executiva do Instituto Cabruca. Segundo ela o uso da estufa traz benefícios sociais, ambientais e econômicos para toda a região do Sul da Bahia, com forte impacto positivo nas comunidades que residem nos municípios atendidos pela Cooperativa. Beneficiando inclusive, os que estão na Área de Proteção Ambiental – APA do Pratigi, unidade de conservação que prevê o uso sustentável dos Recursos Naturais, como Piraí do Norte. “O resultado é diminuir o desmatamento, agregar valor ao produto, além de evitar doenças respiratórias acrescenta Nira”.
A idéia é que esta tecnologia seja cada vez mais, re-aplicada para toda região cacaueira da Bahia. Para Ana Paula Souza presidente da COOPAG, “os cooperados que aderiram à tecnologia conseguem pagar o investimento em um ano, pois ganham em rendimento no peso do cacau, na qualidade final do produto e consequentemente no valor agregado pago pelas empresas compradoras” afirma. Para ela “a perspectiva é que a cooperativa aumente ainda mais a produção de cacau seco em estufas e o volume de comercialização, contribuindo para a conservação da mata atlântica e para a saúde dos consumidores de chocolate”. Com informações ASCOM