Projeto utiliza seringueira como cerca viva em áreas de pastagem

A Ceplac/Mapa vem desenvolvendo um projeto no Centro de Pesquisas do Cacau (Cepec), em Ilhéus, sob a coordenação do pesquisador José Raimundo Bonadie Marques, da Seção de Genética, que utiliza um tipo de muda de seringueira – conhecida como toco alto modificado em sistema silvipastoril.
Bonadie Marques explicou que esse tipo de muda de seringueira já vem sendo testado pela Ceplac há algum tempo, em parceria com a iniciativa privada, como árvore provedora de sombra para o cacaueiro e mourão vivo na formação de cercas permanentes em área de pastagem.
Ele informou que essa pesquisa foi iniciada em 2003, na fazenda Comandatuba, no município de Una, e que essa muda é utilizada para o replantio de áreas, visando à uniformidade do seringal em todos os países produtores de borracha. “Aqui eu fiz algumas modificações na metodologia de obtenção do toco alto para aumentar as chances de pegamento e provoquei bifurcações no ápice da planta, obtendo dois, três, quatro ou até mais lançamentos. Antes disso, eu só tinha uma única chance de pegamento”.
Quando iniciou o projeto, Bonadie Marques visou à ampliação da área plantada com seringueira, não só na Bahia, mas em todo o Brasil. Segundo ele, “o Brasil tem uma área significativa de pastagens com quase 200 milhões de hectares entre formadas e nativas. Dessas, 50 milhões estão degradadas. Ao introduzir o componente arbóreo nas áreas de pastagens, o pecuarista se beneficiará de uma cerca permanente e não precisará adquirir estacas de madeira ou de cimento, que têm uma vida útil bem menor que o mourão vivo”.
Segundo o pesquisador, “o toco alto modificado da seringueira enraíza e rebrota facilmente e nele são fixados lateralmente os fios de arame, imediatamente após o plantio no campo, sem a necessidade de retirada dos animais do pasto, pois os lançamentos se dão a uma altura de 2,80m, portanto, fora de alcance dos animais. Isso é uma vantagem em relação a outras espécies utilizadas na arborização de pastagens”.
Lembra também que “a seringueira é uma planta de usos múltiplos e possui um sistema radicular profundo que pode atingir até 10 metros de profundidade, podendo buscar água do lençol freático e proporcionar conforto térmico não só para os animais, como para as gramíneas”.
Na avaliação do pesquisador, o uso do mourão vivo de seringueira é uma alternativa para um dos problemas enfrentados pelos pecuaristas, que é a aquisição de estacas de madeira ou cimento para construção de cercas e constitui-se também em uma estratégia para reverter a tendência normal de degradação ambiental, por permitir a exploração de forma sustentável de produtos florestais com a produção animal.
No entanto, Bonadie recomenda que o toco alto deve, preferencialmente, ser produzido na fazenda ou, no máximo, em um raio de 20 km da área de pecuária a ser plantada, por conta do alto custo do transporte, vez que as mudas podem alcançar até 3,5 metros de altura.
O diretor-substituto e coordenador-geral de Pesquisa, Extensão e Desenvolvimento da Ceplac/Mapa, Edmir Ferraz, enfatizou os ganhos econômicos, sociais e ambientais que a pesquisa proporciona. “Estamos oferecendo essa tecnologia ao produtor e mostrando que a utilização do mourão vivo de seringueira para divisão de pastagens é um sistema que oferece vantagens econômicas. Enquanto a estaca convencional (madeira ou cimento) nada produz, o toco alto, bem manejado, começa a produzir a borracha natural a partir de três anos de transplantado”.
Além disso, as folhas da seringueira possuem nectários extraflorais, comumente visitados por abelhas, que permitem o incremento da atividade apícola agregando receita ao empreendimento.
Sobre os ganhos ambientais, Edmir Ferraz acrescentou que a seringueira tem grande potencial de sequestro de CO2 da atmosfera, contribuindo para reduzir o efeito estufa. Ele também destacou a longevidade do sistema. “A vida útil do mourão vivo da seringueira utilizada é de 30 a 40 anos ou até mais a depender do manejo, diferentemente da estaca convencional que precisa ser substituída em um tempo muito menor”.
Raul René Valle, chefe do Centro de Pesquisas e Extensão da Ceplac, destacou a viabilidade econômica do projeto. “Estamos apoiando esse importante projeto porque, além de contribuir com a preservação do meio ambiente, é uma alternativa economicamente rentável para o nosso produtor que pode constatar a importância dessa técnica na área demonstrativa que estamos implantando na Ceplac. Também promoveremos eventos e firmaremos parcerias com os produtores para a produção das mudas em áreas de suas propriedades”.
Fonte: Ceplac

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0 Comments

  1. Beleza disse:

    Coitada. Logo pelo pt. Vai sujar á corporação.

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