A indústria do cacau na África está passando por um momento decisivo com a iniciativa conjunta da Costa do Marfim e de Gana, a Iniciativa do Cacau da Costa do Marfim-Gana (CIGCI). Em uma reunião de alto nível entre o Secretário Executivo da CIGCI, Alex Arnaud Assanvo, e o Presidente de Gana, John Dramani Mahama, importantes medidas foram debatidas para garantir um futuro mais justo e sustentável para milhões de produtores de cacau.
A iniciativa tem recebido apoio de diversas partes interessadas em todo o continente. A Aliança da Associação de Produtores de Cacau da África (COFAAA) elogiou a reunião como um marco crucial para redefinir o comércio global do cacau. Para Adeola Adegoke, presidente e coordenadora global da COFAAA, essa colaboração vai muito além de debates políticos. “Trata-se de garantir que os produtores de cacau, a espinha dorsal da indústria, finalmente recebam uma compensação justa e melhores condições de trabalho”, destacou.
Poder de Barganha e Transparência
No centro da iniciativa está o combate à volatilidade global dos preços do cacau, a capacitação dos pequenos agricultores e a promoção de práticas sustentáveis. Grandes players do setor, como o Conseil Café-Cacao e o Ghana Cocoa Board (Cocobod), reforçaram seu apoio à parceria, que busca ampliar o poder de barganha dos países produtores no mercado internacional. Uma das metas principais é reduzir a dependência de intermediários que frequentemente capturam a maior parte dos lucros, deixando os agricultores em condições precárias.
“Não se trata apenas de Gana ou da Costa do Marfim – trata-se de a África recuperar sua posição na economia do cacau”, afirmou Nana Yaw Rueben, oficial de relações públicas da COFAAA. Segundo ele, o objetivo é garantir que os produtores não precisem mais lutar para sobreviver, apesar de cultivarem um dos produtos mais valorizados do mundo.
Um Precedente para Outros Setores
Com a crescente demanda por cacau de origem ética e sustentável, o sucesso da CIGCI pode abrir caminho para mudanças em outros setores agrícolas africanos. Ao priorizar o bem-estar dos agricultores, implementar políticas de comércio justo e aumentar a transparência nos preços, Gana e Costa do Marfim sinalizam um novo modelo de gestão dos recursos do continente.
A COFAAA reafirmou seu compromisso total com a iniciativa, deixando uma mensagem clara: uma África unida pode transformar o futuro da indústria do cacau. A valorização dos produtores e a busca por equidade comercial representam um passo significativo para garantir que aqueles que cultivam os grãos que alimentam o desejo mundial por chocolate sejam os verdadeiros beneficiários dessa próspera indústria.
Fonte: mercadodocacau com informações guardian