Avaliação é de Liberato Milo, da Nestlé, que destaca que a produção mundial da amêndoa precisa acompanhar a demanda
Se a produção mundial de cacau não acompanhar a demanda, o chocolate vai passar a ter preço de ouro. Essa é a avaliação de Liberato Milo, líder mundial da Nestlé para chocolate, sorvete, biscoito, bebidas achocolatadas e snacks saudáveis, em entrevista ao Valor.
Hoje, a demanda global de cacau supera o fornecimento de amêndoas e, por esse descompasso, o preço da commodity negociada na bolsa de Nova York subiu 150% em 2024. De acordo com a StoneX, o déficit global na safra 2023/24 foi estimado em quase 460 mil toneladas.
Após aumentos consecutivos, a máxima histórica foi registrada no fechamento do dia 18 de dezembro de 2024: US$ 12.565 a tonelada. Atualmente, ainda em patamares considerados elevados, a média de preços ronda os US$ 8.000.
Milo, que também é vice-presidente da World Cocoa Foundation, afirma que a demanda vai “explodir” ainda mais nos próximos anos, reflexo do crescimento acelerado do consumo de chocolate na China, na Índia e no sudeste asiático, em países populosos como Indonésia e Malásia.
“No Brasil, o consumo de chocolate per capita é de dois quilos, mas há países que consomem 15 quilos. No sudeste da Ásia consomem de 200 a 300 gramas, mas o volume tem dobrado a cada ano. Metade da população mundial tem aumentado o consumo de chocolate ano a ano”, ressalta.
Para ele, se o sudeste da Ásia consumir chocolate em 10 anos como o Brasil consome, “o tamanho da demanda vai crescer de forma sem precedentes”.
Diante da perspectiva de demanda crescente em meio a um cenário de déficit na oferta, Milo diz que a única saída é “plantar mais cacau”. A Nestlé tem fomentado o aumento da produção e se comprometido a comprar cada vez mais cacau dos agricultores.
O Brasil é o maior negócio da multinacional suíça para chocolates e biscoitos. De acordo com Milo, a meta é que todo chocolate produzido no país seja feito 100% com o cacau brasileiro. Para isso, ele estima que seria necessário plantar mais cerca de 30 mil hectares da amêndoa no Brasil.
Embora defenda o aumento na produção no Brasil, o executivo não vê o país tomando o lugar dos maiores fornecedores de cacau do mundo — Costa do Marfim e Gana. E reiteira que todos os países produtores precisarão aumentar sua produtividade, senão “o chocolate passará a ter preço de ouro”.
2 Comments
A África não recupera…no Brasil precisamos de preços para recuperar as roças existentes q foram abandonadas por q o cacau não tinha preço certo…
Paguem ao produtor o q é correto e terão fartura de cacau para suas atividades, digam NÃO A EXPLORAÇÃO, a q nos prejudicou MUITO e quebrou a C Marfim e Gana.
Não digam👎 q compraram cacau brasileiro como fosse um favor , foi o negócio é de interesse da Nestlé!
É interesse da indústria sediada nos Estados Unidos e Europa estimular a produção de cacau produzido na África, Ásia e América do Sul e Central, para comprarem barato e lucrarem horrores as custas de mão de obra barata na maioria desses paíse. É a lógica exploratória do primeiro mundo. Eles sabem o trabalho manual que denanda a produção de cacau.