Sustentabilidade proporciona lucro e satisfação

“Desde 1960, quando se começou a falar em sustentabilidade, passamos por dois momentos de transição e agora estamos vivendo o terceiro, que é justamente a passagem de iniciativas pontuais e desarticuladas para uma visão holística e que integra todos os pilares.” A explicação de Mariana Nicolletti, pesquisadora do Centro de Estudos em Sustentabilidade, GVCes, da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e define o momento atual, em que pequenas e médias empresas integram criatividade, trabalho autoral e a procura pela sustentabilidade em toda a cadeia de produção.
Ao mesmo tempo, é um mercado com espaço para crescer. “O trabalho artesanal e sustentável vem como um resgate cultural em contraponto à globalização. E isso tem ligação direta com o consumo consciente, pois queremos saber a origem do que compramos e como foi feito”, afirma a consultora do Sebrae Dòrli Terezinha Martins. “Hoje nós temos indicadores de que 5% dos consumidores pagam até 15% a mais pelo produto quando percebem a responsabilidade socioambiental da empresa.”
Além do óbvio pilar ambiental, em que é preciso não gerar ou reduzir impacto e ainda manter o equilíbrio dos ecossistemas, mais dois pontos integram o conceito de sustentabilidade: o social e o econômico.
O eixo social abrange desde práticas que não ferem a legislação trabalhista até o fortalecimento da produção local, apoiando comunidades. “É a responsabilidade para com todos os grupos que serão direta ou indiretamente impactados com a atividade empresarial”, diz Mariana.” O aspecto econômico passa pelo conceito de valor compartilhado.”

Chocolate
Um casal de agrônomos decidiu aliar o conhecimento a um “ideal de vida”, como define Cesar Frizzo, criador da marca Raros Fazedores de Chocolate. Há três anos, Frizzo e a mulher, Vanessa Rizzi, aliaram o conhecimento adquirido pelo mestrado dele em agricultura orgânica e o doutorado dela em diversidade genética e se dedicam a fazer chocolate artesanal e sustentável, composto apenas por cacau e açúcar orgânico.
“Conhecemos todos os nossos fornecedores pessoalmente. Por sermos agrônomos, temos facilidade de acessar os produtores. E não tem cabimento pensar em um cacau bom, sem agrotóxico, mas que carrega um lado social péssimo. Nosso cliente exige isso. Das perguntas que recebemos no SAC, 20% são relacionadas à questão ambiental e 80% sobre às condições de trabalho do fornecedor de cacau”, conta Frizzo.
A Raros produz cerca de 25 a 30 quilos de chocolate por semana, com aumento significativo em datas especiais como Páscoa, Dia dos Namorados e Natal. Da torra da amêndoa de cacau até a barra de chocolate são em torno de três dias e meio de trabalho. Muitas barras não são vendidas em seguida, passando por um processo de maturação que pode levar dias ou meses.
“Aceitamos a sazonalidade do cacau e as mudanças impostas pela natureza. Ficamos por um ano sem chocolate da Bahia, porque o Estado passou por uma seca muito severa. Entendemos que desastres naturais acontecem”, diz Frizzo.
Os criadores da marca ainda prezam pela cadeia curta de transporte na hora da venda, tendo o e-commerce e as feiras de produtores como as principais formas de vender.
Fonte: Estadão

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