A Associação de Transportadores de Cacau iniciou, nesta segunda-feira, uma greve por tempo indeterminado em depósitos localizados em Tema, Takoradi e Kumasi, operados pela Cocoa Marketing Company Limited. A decisão foi motivada por questões relacionadas às condições de trabalho dos transportadores, que buscam melhorias em sua situação laboral. A greve, iniciada em 7 de outubro de 2024, ameaça afetar seriamente a cadeia de suprimentos do cacau na África Ocidental, uma das principais regiões produtoras do mundo.
Em 2022, a associação já havia organizado uma paralisação semelhante, exigindo melhores salários e condições de trabalho. Durante aquela greve, toneladas de grãos de cacau foram deixadas nos armazéns sem qualquer vigilância, afetando a logística de distribuição do produto. Este cenário se repete, gerando incertezas sobre a disponibilidade e os preços do cacau nos mercados globais, visto que a Costa do Marfim e Gana são responsáveis por mais de 60% da produção mundial do grão.
Declaração da Liderança Sindical
O presidente nacional da Associação de Transportadores de Cacau, Raymond Atanga Abobiga, em entrevista à Citi News no domingo, fez um apelo aos membros para aderirem à paralisação de maneira firme e organizada. Segundo ele, “vamos nos apresentar no trabalho, mas estaremos no portão dos vários armazéns e depois não vamos trabalhar até que eles atendam as nossas necessidades e demandas”. A greve tem como objetivo chamar a atenção da Cocoa Marketing Company Limited e do governo para a necessidade urgente de melhorias nas condições de trabalho dos transportadores.
Abobiga também destacou que os transportadores não estão dispostos a desistir até que suas demandas sejam atendidas, enfatizando que “queremos que a administração da COCOBOD e nossos diretores saibam que não somos contra um indivíduo e que estamos lutando por uma causa justa”.
Impactos na Cadeia de Suprimentos e no Mercado de Cacau
A paralisação dos transportadores ocorre em um momento delicado para o mercado de cacau, que já enfrenta um déficit significativo de oferta devido às más colheitas registradas em 2023 e 2024. A greve pode levar a uma interrupção prolongada na entrega de grãos aos processadores, o que teria impacto direto nos preços do cacau e do chocolate globalmente. Com a demanda permanecendo forte e uma oferta limitada, a continuidade dessa paralisação poderá agravar ainda mais o desequilíbrio de mercado.
Além disso, a greve também gera preocupações para os agricultores que dependem do transporte eficiente de sua produção até os centros de processamento e exportação. A falta de soluções rápidas para as reivindicações dos transportadores poderá impactar diretamente na renda dos agricultores, prejudicando, assim, toda a cadeia produtiva do cacau.
Expectativas e Caminhos para a Negociação
A liderança da Associação de Transportadores de Cacau espera que a Cocoa Marketing Company Limited e o governo estejam abertos ao diálogo para solucionar as questões trabalhistas. As reivindicações dos transportadores são focadas em melhores condições de trabalho e aumento salarial, elementos essenciais para garantir a sustentabilidade do setor de transporte de cacau no país.
O setor de cacau é vital para a economia da África Ocidental, gerando milhões de empregos e sendo uma das principais fontes de divisas para a região. A resolução rápida desse impasse é essencial para evitar maiores danos ao setor e garantir que a cadeia de suprimentos do cacau continue a operar de forma eficiente, beneficiando agricultores, transportadores e toda a indústria global de chocolate.
Os próximos dias serão cruciais para definir se haverá avanços nas negociações e se o fornecimento de cacau poderá ser retomado. A comunidade internacional e os mercados financeiros estão atentos, esperando uma solução que possa garantir a continuidade do abastecimento do grão, fundamental para a indústria alimentícia em todo o mundo.
Fonte: mercadodocacau
*com informações adomonline