Tucupi, tacacá, bacuri, tapioca, açaí, cupuaçu e tudo que dá para fazer com esses ingredientes já estão no paladar de quem visita Belém do Pará. Mas a terra de pratos fartos e comida de sabor marcante também oferece outras opções. Uma delas é o chocolate. A iguaria, produzida em pequenas fábricas ou artesanalmente em casas e fazendas na região, vem caindo no gosto do paraenses e se misturando aos sabores regionais.
Tem chocolate com açaí, cupuaçu, bacuri, castanha e mais uma infinidade de frutas regionais. Além disso, o chocolate e o cacau já chegaram às cozinhas dos grandes restaurantes e se combinam aos peixes e ao jambu. E tem ainda nibs (amêndoas do cacau trituradas) misturados nas farofas regionais. Até cerveja já leva chocolate: a Cupulate Porter, da cervejaria Amazon Beer, é feita com o chocolate da semente de cupuaçu.
Em Belém, além de provar o chocolate e as iguarias locais, vale a pena visitar o famoso Mercado Ver o Peso – todos os ingredientes da cozinha paraense são encontrados por lá, além do artesanato e dos famosos óleos que servem para tudo. Aproveite os atrativos religiosos da cidade do Círio e também os naturais, como o Mangal das Garças.
A capital, que tem pouco mais de 1,4 milhão de habitantes e completará 400 anos em 2016, já respira o Círio de Nazaré, uma das maiores festa católicas do mundo, que recebe, todos os anos, mais de 2 milhões de pessoas para festejar o que o jornalista, pesquisador e historiador Carlos Rocque chama de “Natal dos paraenses”.
Cacau da Amazônia
Muita gente – inclusive paraense – não sabe, mas o cacau, cujo maior produtor do Brasil é a Bahia, é um fruto nativo das matas do Pará. O fruto sempre foi importante para a economia paraense como commoditie, mas a produção do chocolate no estado ainda é incipiente. Mesmo assim, já não é tão difícil encontrar em Belém chocolates produzidos artesanalmente na própria região. Na semana passada, o 3º Festival Internacional do Chocolate e Cacau da Amazônia e Flor Pará reuniu mais de 100 expositores e 30 mil visitantes.
“Os estados produtores do cacau, como Bahia e Amazônia, buscam sair do modelo onde fornecem a amêndoa para as grandes marcas fazerem chocolate e esquecem que o cacau é o protagonista dessa história”, diz o organizador do festival, Marco Lessa.
O evento já acontece há sete anos em Ilhéus (BA), o que possibilitou um intercâmbio. Um grupo de estudantes do Instituto Federal Baiano, por exemplo, foi ao Pará com um micro-ônibus que funciona como minifábrica de chocolate. Produtores baianos e profissionais de outros países, como Estados Unidos, França e Colômbia, também participaram de atividades e
aulas-show sobre a produção do chocolate.
No festival foi lançado o chocolate Gaudens, do chef Fábio Sicilia, do restaurante Dom Vino, em Belém. Também estiveram presentes representantes da produção artesanal, as bombonzeiras, e de duas fábricas da cidade vizinha de Santa Bárbara do Pará, a 47 quilômetros de Belém.
Chocolate do Combu
A sensação dos chocolates artesanais do Pará é o Chocolate do Combu, batizado assim pelo chef Tiago Castanho, do restaurante Remanso do Bosque. Ele é feito pelas Filhas do Combu na casa da bombonzeira Izete Costa, a Dona Nena, na Ilha do Combu. De Belém até a “fábrica”, são 15 minutos de barco pelo Rio Guamá e depois por um trecho do Rio Combu. Ela trabalha com as filhas Patrícia e Viviane e produz o próprio chocolate desde 2006.
Em 2011, o chef Tiago Castanho conheceu a bombonzeira e acabou levando o chocolate produzido por ela para o próprio restaurante e para outros renomados, como o D.O.M., em São Paulo, do chef Alex Atala. O cacau é cultivado numa área de floresta no quintal da casa de Dona Nena e lá mesmo é colhido, fermentado, torrado, descascado e moído. São cerca de 50 quilos de massa de cacau por semana, que dão origem a barras 100% cacau para culinária, brigadeiros, bombons, sachês de cacau e nibs (amêndoa triturada), vendidos em feiras e na própria casa com valores entre R$ 3 e R$ 18.
Dona Nena também recebe visitas, desde que sejam agendadas. O valor é R$ 70, e já inclui café da manhã e aluguel do barco – já que a casa, assim como as outras construções da ilha, fica sobre palafitas e o único acesso é por meio de barquinho. Para agendar: 91 99616-0648.Fonte: Correio