Volatilidade do Cacau Acentua-se com Incertezas Tarifárias e Climáticas

Por: Claudemir Zafalon

O mercado de cacau voltou a apresentar forte volatilidade nesta segunda-feira, início de junho, diante de uma combinação de fatores que incluem o vai-e-vem da política tarifária dos EUA, notícias sobre condições climáticas adversas na África e incertezas quanto ao tamanho e à qualidade da próxima safra africana. Na mesma sessão, o dólar americano despencou contra as moedas europeias, atingindo seu menor nível em seis semanas, pressionado pelo recrudescimento das preocupações sobre tarifas norte-americanas após a confusão jurídica registrada na semana passada e o aumento das tensões militares globais.

Após seis sessões consecutivas de queda, o mercado de balcão do cacau experimentou uma reversão na última sexta-feira, retornando à faixa dos US$ 10.000/tonelada. O contrato de julho registrou oscilações entre a mínima de US$ 9.213 e a máxima de US$ 9.818, fechando em US$ 9.791/tonelada — um ganho de US$ 681 em relação ao pregão anterior. Foram negociados 9.252 contratos, totalizando um volume de 28.699 contratos na sessão. O interesse em aberto (open interest) também avançou, aumentando em 6.128 contratos, para um total de 106.661 contratos em circulação.

Os estoques certificados de cacau nos portos dos Estados Unidos, monitorados pela ICE, continuam em trajetória ascendente, atingindo 2.201.950 sacas. Esse nível sugere que, mesmo com a recuperação pontual dos preços, ainda há pressão vendedora proveniente das posições físicas nos terminais norte-americanos, enquanto operadores aguardam maior clareza sobre a disponibilidade de oferta africana.

No relatório divulgado na última sexta-feira, a Commodity Futures Trading Commission (CFTC) estimou que, no período de 20 a 27 de maio, os fundos liquidaram 2.355 contratos, reduzindo levemente suas posições compradas líquidas para 20.042 contratos. Essa liquidação ocorreu após um ciclo de alta que impulsionou o contrato ao pico de US$ 11.280/tonelada na metade de maio, e reflete a cautela dos investidores diante das incertezas sobre o ritmo de entrada de nova oferta africana.

No mercado de câmbio, o contrato de dólar futuro (julho), com vencimento em 30 de junho, negocia-se em leve alta, cotado a R$ 5,75. A desvalorização recente do dólar frente às principais moedas europeias contribuiu para aliviar parte da pressão de alta sobre o preço do cacau em reais, mas segue sendo um fator de atenção, pois eventuais reversões no câmbio podem impactar diretamente o custo de entrada do produto importado no Brasil.

Às 11h (horário de Brasília) desta segunda-feira, serão divulgados os dados de gastos com construção civil referentes ao mês de abril, com expectativa de crescimento de 0,2% em comparação à queda de 0,5% registrada em março. Logo em seguida, será divulgado o índice ISM do setor manufatureiro dos Estados Unidos para o mês de maio, projetado em 48,5 ante 48,7 pontos no mês anterior. Esses indicadores poderão influenciar o humor dos mercados de commodities e de moedas, uma vez que oferecem pistas sobre a dinâmica da economia americana e, por extensão, sobre a demanda futura por cacau em nível global.

Com isso, o preço do cacau segue sob influência de fatores geopolíticos (especialmente a indefinição sobre tarifas dos EUA), ambientais (condições climáticas na África) e macroeconômicos (câmbio e indicadores econômicos norte-americanos). A combinação desses elementos deve manter a oscilação de preços elevada nas próximas sessões, até que se tenha maior clareza sobre a evolução da safra africana e a definição das tarifas comerciais pelos EUA.

Fonte: mercadodocacau

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