Antonio Roberte critica falta de política para reservar água e de investimento em barragens por parte dos Serviços de Água e Esgoto
A estiagem que o Espírito Santo enfrenta nos últimos anos culminou em uma das piores crises hídricas vivenciadas pela população capixaba. Com a falta de água para irrigar as lavouras, para os animais e até para uso humano em algumas localidades, o debate sobre a utilização da água voltou com intensidade na sociedade. E um dos setores prejudicados é a agropecuária.
O aumento da demanda por água para irrigação coloca o setor como vilão no consumo do recurso natural. Mas para o produtor rural e presidente licenciado do Sindicato Rural de Linhares, Antonio Roberte Bourguignon, a falta de informação, muitas vezes, prejudica a imagem do agronegócio. “A agricultura utiliza grande parte da água disponível, mas ela é aproveitada sempre. Toda água utilizada na irrigação das lavouras é absorvida seja pela plantação, pelo lençol freático ou pela evapotranspiração, voltando para a atmosfera. Em alguns casos, a agricultura devolve a água para natureza mais limpa do que quando captada”, diz Roberte. Com o ciclo da água no campo não há desperdício e ainda são preservados os rios e as nascentes. “E a planta irrigada vai produzir alimento que vai para mesa dos centros urbanos”, lembra o produtor rural.
Outra distorção apontada pela entidade é sobre a construção de barragens no interior. Segundo Roberte, as barragens tecnicamente elaboradas para reservar água das chuvas são uma saída para evitar que moradores e agricultores enfrentem falta de água em períodos de longa estiagem. Antonio Roberte critica a falta de investimentos por parte dos Serviços de Água e Esgoto municipais na construção de reservatórios de água para abastecer a população. “Hoje temos uma nova demanda na cidade, nas indústrias e na agricultura. É preciso que haja investimento e condições de aproveitar a água disponibilizada pela chuva”, finaliza.
Em 2015, o Sindicato Rural de Linhares coordenou uma ação dos produtores rurais e moradores da região para arrecadar verba destinada a realização da barragem da Lagoa Nova, em Linhares, que possuía mais de 30 anos de existência e rompeu em 2010. A lagoa atingia cerca de 1550 hectares de lâmina d’água antes do rompimento.