A Customização do Cacau e o Capitalismo Consciente

Por Antonio Cesar Costa Zugaib
Recentemente elaborei um artigo denominado “As ondas de desenvolvimento e a cacauicultura do Sul da Bahia”. Na oportunidade, fiz ver que a cacauicultura baiana está se inserindo em uma terceira onda que denominei de “Customização”. A customização consiste em uma modificação ou criação de alguma coisa de acordo com preferências ou especificações pessoais. Assim, customizar é alterar alguma coisa segundo o seu gosto pessoal. E isto que está acontecendo na cacauicultura do Sul da Bahia, os consumidores estão experimentando o chocolate segundo seu gosto pessoal. E a maioria dos consumidores deste produto que é preferência nacional já decidiu saborear um chocolate com alto teor de cacau. O verdadeiro chocolate. Experimentos são realizados através de novas variedades desenvolvidos pela Ceplac e parceiros onde é feita uma análise sensorial do chocolate sobre variáveis importantes, como aroma, sabor, derretimento, dureza, amargor e acidez, sem deixar de lado a localização, o porte, o tamanho dos frutos, o peso total das sementes secas por fruto, nem tampouco a produtividade do cacaueiro. O chocolate passa a ser visto como um produto especializado que precisa de profissionalismo para ter sucesso no empreendimento.
Recentemente, foi publicado o livro “Capitalismo Consciente – Como Liberar o Espírito Heroico Dos Negócios”, de John Mackey e Raj Sisodia. Lendo o livro podemos verificar que a proposta central do capitalismo consciente é apresentar uma forma diferente de se operar o modelo Capitalista, na qual o lucro não seja a única ou principal razão de ser das organizações. Segundo os autores, uma empresa consciente deve possuir propósitos mais elevados e buscar a geração de valor, de maneira equilibrada e sustentável, para todas as partes interessadas (stakeholders). Acho um casamento perfeito entre a customização e o capitalismo consciente.
De um lado a customização da cacauicultura colocando o cacau como um ativo especializado, onde profissionais buscam atender aos seu clientes, de outro o capitalismo consciente onde as organizações florescem a partir do compromisso e da criatividade do ser humano com a criação de valor. Segundo os autores: “Um dia, praticamente todas as empresas irão funcionar com uma orientação para seus propósitos maiores, integrando os interesses de todas as partes interessadas, desenvolvendo e promovendo líderes conscientes e construindo uma cultura de confiança, responsabilidade e cuidado”.
Os pilares do Capitalismo Consciente são:

1. Propósito maior: ao atuarem segundo um propósito maior, as empresas vão além da simples geração/maximização do lucro e passam a criar um impacto positivo muito maior para todos os seus stakeholders (atores). O propósito e os valores constituem o núcleo de uma empresa consciente.

2. Integração de stakeholders: para os autores, stakeholders são todas as entidades que impactam ou são impactadas por uma organização, as quais são igualmente importantes e estão conectadas por um senso de propósito e valores compartilhados. Dessa forma, a relação entre esses atores deve ser pautada pela busca de soluções do tipo “ganha-ganha”, preservando a harmonia e a integração entre as partes.

3. Liderança consciente: A concretização do Capitalismo Consciente requer a plena atuação de líderes conscientes, dotados de elevados níveis de inteligência analítica, emocional e espiritual, de forma que sejam capazes de refletir sobre o negócio e conduzi-lo de forma sofisticada e complexa.

4. Cultura e gestão conscientes: Tanto a forma de gestão quanto a cultura organizacional são fatores fundamentais para a prática do Capitalismo Consciente, na medida em que devem garantir a força e a estabilidade necessárias para a preservação do propósito maior da empresa.
Enxergo o futuro dessa região com muito bons olhos, com uma missão de agregação e de criação de valor, para isso estão aí o Parque Científico e Tecnológico do Sul da Bahia com a integração de seus atores e a criação do seu Centro de Inovação do Cacau, a Faculdade Madre Thaís com curso sobre a Gastronomia do Chocolate, o Instituto Federal Baiano com a agroindústria de chocolate e principalmente a Ceplac com sua fábrica treinando agricultores na fabricação desse chocolate, lideranças conscientes sendo despontadas em todos os setores, mais de 70 empresas de chocolate já foram criadas entre agroindústrias e marcas. A realidade é que trabalhando buscando a diversidade de criação de valor, o lucro vem por “osmose”. Por fim destaco que confiança, responsabilidade, transparência, integridade, igualitarismo, justiça, crescimento pessoal, amor e cuidado são algumas das características comuns de uma cultura consciente. É o Sul da Bahia ressurgindo com mais força, buscando “produtos complexos”, com alto valor agregado, gerando renda e emprego, além de abrir novas oportunidades de negócio.

Agrônomo pela UFBa. Especialização em Comércio Exterior pela FGV/FUNCEX. Mestrado em Economia Rural pela UFV. Técnico em Planejamento da CEPLAC e Profº do Departamento de Economia da UESC.

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0 Comments

  1. Adjacir Berilo Alves de Toledo disse:

    Ok Istoé muito bom

  2. andrade disse:

    senhor prefeito Mário Alexandre, cadê o dinheiro da merenda d
    os colégios municipal q vc não entregou as sextas basica.

  3. José Ricardo disse:

    Senhor prefeito Mario Alexandre e veriadore de a um tempo atrás fiz uma reclamação aqui no tabuleiro sobre a rua dos carilos que e a Av. Brasil e a Av. Paulista que precisa ser asfaltada e a rua do carneiro na conquista tem 5 veriadores e não faz nada e depois vem atrás de voto .

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