Alta da cotação do cacau em 12 meses chega a 75%

Matéria-prima do chocolate, amêndoa foi o destaque de alta entre as commodities agrícolas em fevereiro

Em março, o cacau foi mais uma vez o principal destaque entre as commodities agrícolas negociadas no mercado internacional. Com o agravamento da crise de oferta, as cotações da amêndoa renovaram suas máximas históricas na bolsa de Nova York.

O preço dos contratos de segunda posição de entrega subiu 32,5% em relação a fevereiro, para US$ 7.472,40 a tonelada, em média, segundo o Valor Data. Com o desempenho, a cotação já soma 18 meses de alta seguidos. O mês de setembro de 2022 foi o último em que os preços médios caíram.

A safra 2023/24 deverá mesmo ter déficit, o terceiro seguido, no balanço de oferta e demanda de cacau, segundo a Organização Internacional do Cacau (ICCO, na sigla em inglês). A entidade calcula que o déficit na temporada será de 374 mil toneladas.

Questões operacionais nas indústrias na Costa do Marfim, país que lidera a produção de cacau do mundo, também ofereceram sustentação às cotações. Segundo Leonardo Rossetti, analista de inteligência de mercado da StoneX, os relatos são de que as processadoras estariam interrompendo as atividades, seja por falta de produto ou porque o preço já é considerado impraticável.

O segundo maior produtor de cacau do mundo, Gana, também também está com uma situação de oferta complicada. Além do clima mais seco que o normal nesta temporada, o país perdeu cerca de 500 mil cacaueiros nos últimos anos devido à doença do broto inchado, de acordo com Adilson Reis, analista de mercado.

Já Rossetti, da StoneX, acredita que o cacau pode experimentar alguma correção em abril caso os dados de moagem venham mais fracos que o esperado, ou que a demanda comece a dar sinais consistentes de fraqueza em meio a preços recordes.

Ele diz, ainda, que é cedo para falar de um novo déficit para a temporada 2024/25, que começa em outubro. “É difícil imaginar que a produção terá resultados tão ruins por dois anos seguidos. O segundo semestre deverá ser marcado pela influência do La Ninã, que tende a ser positivo para os cacaueiros da África”, destaca.

O café arábica encerrou março em leve queda, de 0,4%, com o valor médio de US$ 1,8507 por libra-peso. Enquanto as perspectivas favoráveis com a safra brasileira 2024/25 atuaram com uma força de baixa, os preços históricos do robusta na bolsa de Londres foram um contraponto, e puxaram valorizações pontuais do arábica em Nova York.

Os papéis estão “andando de lado” desde a virada do ano, enquanto investidores aguardam novidades nos fundamentos do café, afirma Gil Barabach, da Safras & Mercado. “Estamos em um período de transição. Os fatores que ajudaram os preços a subirem perderam força”, afirma.

Dentre os fundamentos, caso se confirme um crescimento da oferta de cafés no Brasil, na Indonésia e no Vietnã (maior produtor de robusta do mundo), os preços podem ceder. A mudança no clima global, que sai de um El Niño desfavorável à produção na Ásia para um La Niña favorável, corrobora a alta da oferta asiática. “Mas pode haver uma queda na área de robusta no Vietnã, que perdeu espaço nos últimos anos para pimenta do reino e algumas frutas”, pondera Barabach.

Houve queda expressiva nos valores futuros do açúcar em março. Os papéis foram negociados, em média, a 21,46 centavos de dólar por libra-peso, recuo de 5% na comparação com fevereiro, diante de uma melhora recente nas condições de safra de Índia e Tailândia, onde as quebras podem ser menores que o inicialmente projetado.

O algodão encerrou o mês com valorização de 0,9%, cotado a um valor médio de 93,75 centavos de dólar por libra-peso. Houve queda para o suco de laranja concentrado e congelado (FCOJ, na sigla em inglês) que caiu 1,1% em março, a US$ 3,6011 por libra-peso.

Soja, milho e trigo

Na bolsa de Chicago, soja e milho fecharam o mês com valorização, principalmente apoiados por correções técnicas. A soja terminou março negociada US$ 11,9183 o bushel na média, alta de 1,3%. No caso do milho, a valorização atingiu 1,4%, para uma média de US$ 4,4221 o bushel.

Nunca antes na história houve um volume tão expressivo de contratos vendidos (fundos apostando na queda dos preços) de soja e milho na bolsa americana. Esse cenário cria oportunidades ainda maiores para a recompra de papéis, especialmente porque os valores dos dois grãos são os menores em mais de três anos em Chicago.

Já o trigo, por sua vez, fechou o último mês em queda de 5,7%, para US$ 5,5351 o bushel. A ampla oferta do cereal da Rússia, o maior exportador mundial, combinada com demanda fraca pelo produto dos EUA, impediram qualquer chance de reação dos preços futuros.

A consultoria russa SovEcon estima que as exportações do país chegaram a 5 milhões de toneladas em março, 900 mil toneladas a mais que o embarcado em fevereiro.

Fonte: Globo Rural

Curtiu esse post? Compartilhe com os amigos!

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Telegram

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *