AMAZÔNIA: BIOFÁBRICAS ITINERANTES DE CHOCOLATE PODEM FATURAR US$ 8 BI

A solução é criar uma bioeconomia descentralizada, em vez de enxergar a Amazônia como uma fornecedora de commodities para indústrias de outros locais

A comunidade de Surucuá, no oeste do Pará, é a primeira a receber o Laboratório Criativo da Amazônia, uma fábrica itinerante de chocolate projetada para incentivar a bioeconomia na Amazônia.

Em vez de apenas coletar produtos florestais, as comunidades tradicionais da Amazônia poderão usar as chamadas biofábricas para processar, embalar e vender produtos processados.

O projeto ainda está no início, mas demonstra o potencial da bioeconomia na Amazônia: uma locomotiva econômica capaz de gerar pelo menos US$ 8 bilhões por ano, estimam especialistas.

Numa tenda na comunidade de Surucuá, na beira do rio Tapajós, no Pará, Jhanne Franco ensina 15 moradores a fabricarem chocolate a partir do zero. Jhanne é uma mestre-chocolateira de Rondônia e também uma prova viva de como o conceito do chocolate produzido do grão à barra (bean to bar) pode funcionar na floresta amazônica.

“Aqui é onde desenvolvemos as ideias dos alunos”, diz ela, apontando para a sala de aula montada em uma clareira. “Não estou aqui para passar uma receita. Quero mostrar para eles como se dá a fabricação do chocolate, para que eles possam criar suas próprias receitas”, ressalva Jhanne.

O programa de treinamento faz parte de um conceito desenvolvido pelo Instituto Amazônia 4.0, organização sem fins lucrativos voltada para a preservação da floresta.

O instituto foi concebido em 2017, quando dois cientistas brasileiros, os irmãos Carlos e Ismael Nobre, começaram a pensar em formas de impedir que a Amazônia atingisse seu ponto de não-retorno, quando o desmatamento, associado às mudanças climáticas, transformaria a floresta numa savana seca de maneira permanente.

A solução é criar uma bioeconomia descentralizada, em vez de enxergar a Amazônia como uma fornecedora de commodities para indústrias de outros locais. Os investimentos seriam feitos em plantios florestais sustentáveis, no lugar do gado e da soja, responsáveis pelo desmatamento de grandes trechos de floresta. Além disso, os lucros permaneceriam dentro das comunidades locais.

Um estudo do WRI (World Resources Institute) e da New Climate Economy, publicado em junho de 2023, analisou 13 produtos primários da Amazônia, incluindo o cacau e o cupuaçu, e concluiu que mesmo essa pequena seleção de produtos poderia aumentar o PIB da bioeconomia em pelo menos US$ 8 bilhões por ano.

Fonte:bncamazonas

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