B. B King: brilhando no infinito!

 

            Não, não perdemos uma lenda do blues: ganhamos a trilha sonora do infinito!

O genial bluesman BB King nasceu Riley Ben King, em 16 de setembro de 1925 no Mississippi, Estados Unidos. No último dia 14 de maio, o corpo físico de King faleceu, em Las Vegas, também nos Estados Unidos. Desde então BB King está encantando o infinito com sua voz singular e sua guitarra inigualável.  

O rei do blues teve uma infância difícil. Com apenas 9 anos trabalhava colhendo algodão, recebendo 35 centavos de dólar por dia. Mas quando ganhou seu primeiro violão aos doze anos, presente de Bukka White, primo de sua mãe, o garoto quase enlouqueceu. Era sua chance de deixar para trás a infância e a adolescência pobre e sofrida. King então foi tocar nas esquinas movimentadas, para ganhar uns trocados a mais. E depois quando Bukka White foi para Memphis, King partiu junto com ele, em busca de seu sonho.

Em 1949 gravou seu primeiro disco e em 1951 alcançou o primeiro grande sucesso nacional de sua carreira, com a música “Three O’Clock Blues”. No verão daquele mesmo ano nasceu “Lucille”, nome com o qual chamava sua insuperável guitarra. Reza a lenda que BB King estava tocando num salão de dança quando, para aquecer o ambiente, foi aceso um barril de querosene, algo corriqueiro naquela época. De repente, uma briga no salão espalhou o querosene e provocou um grande incêndio. Todos correram para fora do salão, inclusive King. No entanto, King percebeu que havia deixado seu instrumento de trabalho. E assim, rapidamente, voltou ao salão e salvou sua guitarra das chamas. No dia seguinte ele soube que a briga foi por causa de uma mulher chamada Lucille. Nasceu, deste modo, o nome de suas amadas guitarras – sim!, não era uma guitarra, especificamente, a chamar-se Lucille.

Nuno Mindelis, músico luso-brasileiro nascido em Angola e um dos mais conceituados guitarristas de blues do Brasil, disse que “o solo econômico de BB King é único e derivou de sua frustração de não conseguir tocar como um dos seus maiores ídolos, T. Bone Walker. Ele percebeu que nunca chegaria perto daquela técnica e elegância, então ‘tirou a mão’, literalmente. O intuito era simplificar e isso resultou na guitarra mais proeminente e importante do blues de todos os tempos. Em uma entrevista, há muitos anos, quando perguntado sobre a razão daqueles solos tão curtos – uma coisa inédita – BB King brincou dizendo serem para economizar a guitarra”.

O rei do blues era e é mesmo espetacular. Sua interpretação de “Love Me Tender”, por exemplo, mostra a encantadora versatilidade de King e também sua extraordinária sensibilidade. King impregnou com nuances de blues uma canção clássica, imortalizada pelo não menos grandioso Elvis Presley. E foi assim que, surpreendendo, simplificando e magnetizando o blues, BB King consolidou sua carreira e entrou para a história. Faz parte do Hall da Fama e conquistou vários títulos de melhor do blues. Foi classificado pela revista Rolling Stone, em 2003, como o terceiro entre os cem melhores guitarristas. Ele ainda ganhou 16 prêmios Grammy.

O jornal “O Globo” define bem o que é a música do artista americano: “King juntou o country blues com outros ritmos e criou um som instantaneamente reconhecido por milhões: uma guitarra pungente com vibratos cintilantes e a voz marcante que expressava luxúria, saudade e amor perdido”. O próprio BB King, um mito – como Noel Rosa, Carmen Miranda, Ataulfo Alves, João Gilberto, Elis Regina, Caetano Veloso e Chico Buarque para os brasileiros –, dizia: “Eu quero conectar minha guitarra às emoções humanas”. Conseguiu.

Há um clube muito seleto dentro do universo das guitarras, composto por instrumentistas fabulosos: Jimi Hendrix, David Gilmour, Eric Clapton, George Harrison, Eddie Van Halen, Mark Knopfler etc., porém, nenhum deles tem uma identidade sonora tão marcante e tão imediatamente reconhecida quanto BB King.

O bluesman agora está encantando o infinito, mas deixou vários presentes para os nossos dias, muitas vezes, tão apáticos: seus blues revigorantes! Por isso, prezado(a) leitor(a) não deixe de ouvir: The Thrill is Gone; When love comes to town; Let the good times roll; Riding with the king; Sweet little angel. E, simplesmente, aproveite.

 

O texto expressa exclusivamente a opinião do colunista e é de responsabilidade do autor 

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