O Brasil está em alerta contra a monilíase do cacaueiro, uma doença fúngica devastadora que ameaça a produção de cacau e pode comprometer a economia de milhares de produtores. Embora a praga ainda não tenha ampla disseminação no país, o governo federal, instituições de pesquisa, órgãos de fiscalização e o setor produtivo intensificaram a mobilização para conter os focos detectados e evitar uma infestação em larga escala.
A monilíase é causada pelo fungo Moniliophthora roreri e teve origem confirmada na Colômbia, com presença registrada em diversos países da América Central e do Sul, como Peru, Equador, Venezuela, México e Bolívia, segundo dados da EPPO (Organização Europeia e Mediterrânea para a Proteção das Plantas).
No Brasil, a monilíase é classificada como uma praga quarentenária ausente, ou seja, já foi detectada em território nacional, mas sua distribuição é restrita e está sob controle oficial. Os casos estão concentrados em regiões pontuais dos estados do Acre e do Amazonas, com foco ativo em processo de supressão. Para isso, o país conta com regulamentações rigorosas, como a Instrução Normativa nº 112/2020 e as Portarias MAPA nº 703/2022 e nº 703/2024, que declararam estado de quarentena e emergência fitossanitária em áreas afetadas, incluindo agora também o Pará e Rondônia.
Ações do governo federal
A resposta do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) tem sido contundente: mais de R$ 3 milhões foram destinados às ações de prevenção e contenção da doença. Um efetivo de 85 servidores atua diretamente nas investigações, com presença in loco em todos os focos identificados. As medidas incluem poda de árvores contaminadas, descarte de frutos infectados, e monitoramento constante das áreas afetadas, numa verdadeira força-tarefa para proteger as lavouras brasileiras.
Além disso, o Plano Nacional de Prevenção e Vigilância da Monilíase prevê ações educativas e orientações técnicas voltadas para produtores e trabalhadores rurais, com foco em identificação precoce e resposta rápida a qualquer suspeita de contaminação.
Participação do setor produtivo
A indústria também tem papel fundamental no combate à monilíase. Empresas e entidades como CocoaAction Brasil, ABICAB, FAEB, Faepa, Ceplac, ADAB, Adepara, Idaron e ADAF têm colaborado ativamente com o governo, participando de fóruns de discussão, adotando protocolos sanitários e desenvolvendo campanhas educativas.
Foram impressos folders e cartilhas distribuídas em feiras e eventos do setor, além da produção de 21 vídeos educativos, que têm ajudado a capacitar produtores, técnicos e estudantes sobre os riscos da doença e as formas de preveni-la.
Além dessas ações, a AIPC (Associação das Indústrias Processadoras de Cacau) disponibilizou recentemente um material informativo detalhado sobre a monilíase. O conteúdo apresenta as principais ações em andamento e o status atualizado da doença no Brasil, servindo como importante ferramenta de transparência e orientação para todos os envolvidos na cadeia do cacau.
Risco para o cacau brasileiro
A monilíase atinge diretamente os frutos do cacaueiro, reduzindo drasticamente a produtividade e afetando a qualidade do produto. Caso se espalhe, pode ter impacto significativo na cadeia produtiva, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, responsáveis por grande parte da produção nacional de cacau.
Com a experiência histórica do país com a vassoura-de-bruxa, outro fungo que causou prejuízos bilionários na década de 1990, o Brasil está determinado a não repetir os erros do passado. O esforço integrado entre poder público, produtores e entidades técnicas mostra um país vigilante e preparado para preservar sua cacauicultura e garantir a segurança fitossanitária da lavoura nacional.
Para mais informações técnicas, consulte as regulamentações disponíveis: Instrução Normativa n° 112/2020, Portarias MAPA nº 703/2022 e nº 703/2024. O material da AIPC também pode ser acessado nos canais oficiais da associação.
Fonte: mercadodocacau