Com o intuito de ampliar a remuneração dos produtores locais, os órgãos reguladores de Gana e Costa do Marfim estabeleceram um diferencial fixo de us$400 para venda de amêndoas. A medida bilateral poderá alterar os horizontes do mercado internacional do cacau. Afinal quem ganha e quem perde com esse pacto?
Os dois países representados por Gana Cocobod e CCC, conselho do cacau e café da Costa do Marfim, demonstram claramente estabelecer uma política protecionista no cacau, alegando não contar com participação justa no faturamento global do setor, mesmo sendo responsável por entregar mais de 60% de toda produção mundial.
Surpreendidos, o mundo coorporativo do cacau e do chocolate foi obrigado a admitir um valor adicional à sua principal matéria prima originada nos dois principais fornecedores do mundo. Caso sejam honrados os principais termos do acordo, os agricultores dos dois países serão os maiores beneficiados. Prometem investimentos representativos em sustentabilidade, voltados para o combate à pobreza e trabalho infantil, além de ampliar a plataforma de remuneração nas compras de amêndoas de 55% para 70% dos valores indicados na bolsa de NY. As economias dos dois países bastante fortalecidas atualmente, também serão favorecidas com a ampliação da receita oriunda do cacau. Coincidência ou não, 2020 acontecerão eleições para presidente na Costa do Marfim e Gana.
Os impactos negativos cairão nos ombros dos chocolateiros e processadores mundiais. Responsáveis por gerar uma fatia representativa de receita do setor, terão que conviver com uma nova realidade, no que diz respeito a elevação dos preços da matéria prima para atender os contratos com clientes. Dentro da cadeia produtiva, os custos serão repassados em cascata e certamente quem deverá pagar a maior conta será o consumidor final de chocolates e subprodutos.
A medida incidirá em um maior onus para os processadores e chcolateiros situados nos continentes Europeu, Asiático e Norte Americano. No mercado Brasileiro, as moageiras locais acostumados a remunerar diferenciais elevados nas aquisições de amêndoas nacionais, também estarão suscetíveis aos impactos da medida, quando nas importações da matéria prima de Gana e Costa do Marfim. Como alternativa, deverão acirrar a disputa interna e correr para aquisição no mercado local, o que poderá representar menores custos ainda que comprar amêndoas africanas.
Enfim, os termos do pacto entrarão em vigor a partir de outubro 2020. Até lá serão realizadas as adequações necessária para se estabelecer a continuidade equilibrada para o abastecimento da demanda crescente de derivados de cacau no mundo.
Fonte: mercadodocacau por Adilson Reis