Chegadas de cacau na Costa do Marfim decepcionam e aumentam preocupações para próxima safra

As chegadas acumuladas de cacau aos portos da Costa do Marfim até o fim de maio somaram 1,540 milhão de toneladas métricas, segundo informou nesta terça-feira (17) Yves Brahima Koné, diretor-gerente do Conseil du Café-Cacao (CCC), órgão regulador nacional. O número ficou abaixo das estimativas dos exportadores, que projetavam 1,624 milhão de toneladas para o mesmo período — uma diferença de cerca de 5%.

A discrepância entre os dados, de acordo com fontes da indústria, decorre principalmente da má qualidade dos grãos colhidos nos últimos meses. De março a maio, diversos carregamentos foram rejeitados por apresentarem altos níveis de acidez. Segundo exportadores consultados pela agência Reuters, alguns caminhões com carga de cacau devolvida por empresas chegaram a ser registrados mais de uma vez, ao tentarem venda repetida para diferentes compradores.

“Essa situação é normal no setor”, disse um diretor de exportadora em Abidjan. “O mesmo caminhão pode ser contado duas vezes, o que explica parte da diferença entre os números do regulador e os do setor privado.”

A má qualidade dos grãos tem forçado compradores como Malamine Kante, que atua na região produtora de Soubre, a visitar até três exportadores diferentes antes de conseguir fechar uma venda. “Essas coisas acontecem todos os dias… Podemos ir a dois ou três exportadores antes de encontrar um que aceite o cacau”, relatou.

Além dos problemas com a safra atual, crescem as incertezas sobre o desempenho da principal colheita de 2025/26. O diretor do CCC reconheceu que os primeiros sinais são preocupantes e que o bom desenvolvimento da próxima produção dependerá da sobrevivência dos primeiros frutos  — conhecidos como cherelles — que começaram a surgir nas plantações.

Essas estruturas precisarão resistir às condições climáticas de julho para garantir o amadurecimento adequado entre outubro e dezembro. “Neste momento, todos estão esperando para ver o que acontece entre agora e meados de julho”, afirmou um exportador com base em Abidjan. “A preocupação é real, mas ainda não alarmante.”

Caso as previsões negativas se confirmem, a Costa do Marfim poderá enfrentar o terceiro ano consecutivo de queda na produção, cenário que intensificaria ainda mais a escassez global e manteria os preços do cacau em níveis historicamente elevados.

Com exportações pressionadas, qualidade instável e riscos climáticos crescentes, o setor de cacau marfinense entra em uma fase crítica, enquanto compradores e analistas observam com cautela o desempenho das próximas semanas, fundamentais para a definição da próxima safra.

Fonte: mercadodocacau com informações reuters

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1 Comment

  1. O cacau é a base da sobrevivência deste país, assim como no Brasil, estado da Bahia e do Pará.

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