As chuvas abundantes registradas na última semana em grande parte das principais regiões cacaueiras da Costa do Marfim estão sendo vistas com otimismo pelos agricultores, que preveem um impulso significativo no desenvolvimento dos frutos de cacau para a reta final da safra intermediária, que vai de abril a setembro.
A Costa do Marfim, maior produtor mundial da commodity, está atualmente em sua estação chuvosa, que se estende de abril até meados de novembro. Esse período é crucial para o ciclo de crescimento das plantações de cacau, já que as chuvas regulares ajudam no enchimento e amadurecimento dos frutos.
Agricultores de regiões como Agboville, Divo, Abengourou, Bongouanou e Yamoussoukro relataram que esperam precipitações consistentes até o fim de junho — condição essencial para garantir bons rendimentos e uma colheita promissora entre meados de agosto e o final de setembro.
“Há muitos frutos pequenos nas árvores”, comentou Justin Kablan, produtor em Abengourou, área conhecida pela alta qualidade de seus grãos. Segundo ele, a região recebeu 53,4 mm de chuva na semana passada — 22 mm acima da média histórica para o período.
Roger Messan, agricultor em Bongouanou, compartilha da mesma expectativa. “Se continuar a chover bem, as árvores ficarão cheias de grandes frutos a partir de agosto”, afirmou. A região dele também teve precipitação acima da média: 36,6 mm, contra uma média de 25,2 mm nos últimos cinco anos.
Embora a colheita da safra intermediária esteja se acelerando e a oferta de grãos bem secos tenha aumentado nas lavouras, os embarques semanais de cacau nos portos principais caíram consideravelmente entre os dias 12 e 18 de maio. A redução, segundo produtores, foi causada por uma maior taxa de rejeição dos grãos por conta da baixa qualidade — fator que ainda preocupa o setor.
Nas regiões de Daloa e Soubre, onde as chuvas ficaram abaixo da média, os agricultores mantêm expectativas moderadas. No entanto, confiam que, se o clima melhorar nas próximas semanas, a produtividade poderá se recuperar.
A temperatura média semanal nas regiões produtoras variou entre 26,6°C e 30,3°C, dentro dos limites ideais para o cultivo do cacau.
Com os compradores — especialmente os representantes de moedores locais — mantendo presença ativa nas zonas rurais, o cenário pode se mostrar favorável caso as condições climáticas sigam cooperando. A Costa do Marfim, que responde por cerca de 40% da produção global de cacau, depende da estabilidade climática para sustentar sua liderança no setor e abastecer a crescente demanda internacional pela matéria-prima do chocolate.
Fonte: mercadodocacau com informações reuters