A Costa do Marfim, maior produtora mundial de cacau, pode adotar medidas que encareceriam o produto em reação às tarifas anunciadas recentemente pelo governo dos Estados Unidos. A ameaça foi feita pelo ministro da Agricultura do país, Kobenan Kouassi Adjoumani, nesta quinta-feira, durante uma coletiva de imprensa na capital econômica, Abidjan.
Na semana passada, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou tarifas de importação de até 21% sobre produtos da Costa do Marfim — o valor mais alto aplicado a qualquer país da África Ocidental. No entanto, na quarta-feira, Trump declarou uma pausa temporária de 90 dias na aplicação dessas tarifas, o que não impediu a reação marfinense.
“Quando você tributa nosso produto que exportamos para o seu país, aumentaremos o preço do cacau e isso terá uma repercussão no preço para o consumidor”, afirmou o ministro. Embora Kouassi não tenha especificado quais seriam as medidas concretas, analistas apontam que o país pode optar por aumentar os impostos sobre exportação como forma de compensar as perdas, tornando o cacau marfinense mais caro para o mercado internacional — especialmente para os consumidores americanos.
Apesar de o preço do cacau ser regulado no mercado global e não diretamente pela Costa do Marfim, o país pode influenciar os custos finais por meio de políticas fiscais. “É o consumidor final que será prejudicado”, completou Kouassi.
A Costa do Marfim exporta anualmente entre 200.000 e 300.000 toneladas métricas de cacau para os Estados Unidos, segundo dados do Conselho de Café e Cacau (CCC). A imposição das tarifas pode afetar diretamente esse fluxo comercial, pressionando ainda mais os preços globais da commodity, que já enfrentam volatilidade por questões climáticas e geopolíticas.
Como alternativa estratégica, o ministro revelou que o país buscará estreitar laços com a União Europeia. “Se nossos produtos não forem aceitos nos Estados Unidos, a UE poderá absorver essa produção”, disse Kouassi, sinalizando uma possível reorientação das relações comerciais do país africano.
Com a importância do cacau para a economia da Costa do Marfim — responsável por cerca de 40% da produção mundial —, as tensões comerciais com os Estados Unidos ganham contornos geopolíticos, podendo impactar desde agricultores locais até grandes multinacionais do setor de alimentos.
Fonte: mercadodocacau com informações reuters