Costa do Marfim ameaça redirecionar exportações de cacau após tarifa dos EUA

Diante da iminente imposição de tarifas de 15% sobre suas exportações de cacau para os Estados Unidos, a Costa do Marfim declarou que buscará novos mercados para escoar sua produção, afastando-se do que atualmente é seu quarto maior parceiro comercial no setor.

A medida, anunciada pelo governo do presidente Donald Trump e prevista para entrar em vigor na próxima quinta-feira, 7 de agosto, marca uma ruptura na relação comercial entre os dois países, que até então se beneficiava da isenção tarifária oferecida pela Lei de Crescimento e Oportunidades para a África (AGOA), em vigor desde 2000.

“Os Estados Unidos estão fazendo o oposto do que deveriam estar fazendo”, afirmou um representante do Ministério da Agricultura marfinense, sob condição de anonimato. “Buscaremos novos mercados em outros lugares para obter tarifas que facilitem nossas exportações e nos tornem mais competitivos.”

Atualmente, a Costa do Marfim exporta cerca de 300 mil toneladas métricas de grãos de cacau para os EUA anualmente — o equivalente a aproximadamente US$ 368 milhões em 2023, segundo o Observatório de Complexidade Econômica. Esse volume representa cerca de 10% das exportações totais do país, atrás apenas de mercados como Holanda, Malásia e Bélgica.

Embora o novo percentual tarifário seja inferior aos 21% anunciados por Trump em abril, o impacto ainda é significativo. O Conselho de Café e Cacau (CCC), órgão que regula o setor no país, sinalizou que a Europa desponta como principal alternativa para compensar a possível perda do mercado americano, embora não tenha divulgado quais países poderiam ser priorizados nas negociações.

Além do cacau, a Costa do Marfim também observa oportunidades na cadeia de valor do caju, outra commodity em que o país lidera mundialmente. De acordo com o Ministério da Agricultura, tarifas mais altas impostas aos concorrentes asiáticos, como Vietnã e Índia, podem abrir espaço para uma ampliação das exportações marfinenses de castanhas aos EUA.

A estratégia do país também inclui agregar valor à produção: “Atualmente, exportamos menos de 5% dos grãos processados para os EUA, mas nossa ambição de curto prazo é atingir 30 a 40% desses volumes. É ambicioso, mas alcançável, e essas novas tarifas podem acelerar esse processo”, completou a autoridade.

Com a crescente competição entre países exportadores de cacau, as autoridades marfinenses consideram que os EUA precisam se adaptar à nova realidade do mercado global. “Caberá à indústria americana se adaptar para ser competitiva”, concluiu um representante do CCC.

Fonte: mercadodocacau com informações reuters

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2 Comments

  1. Luiz Carlos disse:

    Nem a Costa do Marfim escapou do Trump

  2. Mary disse:

    O brasil tem que comprar esse cacau e produzir chocolates nacionais de qualidade

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