Costa do Marfim Antecipadamente Vende Metade das Licenças de Exportação de Cacau em Meio a Temores de Nova Quebra de Safra

O Conselho de Café e Cacau (CCC), órgão regulador do setor cacaueiro da Costa do Marfim, já comercializou entre 650 mil e 700 mil toneladas métricas em licenças de exportação de cacau para a safra 2025/26, equivalente a aproximadamente metade da oferta projetada para a próxima temporada. A informação foi revelada por fontes do CCC e da indústria à Reuters e evidencia a antecipação do mercado frente aos riscos crescentes de uma nova quebra de safra no maior país produtor mundial.

A corrida pelas licenças nas últimas semanas é explicada pelo temor generalizado entre as tradings e processadores globais de que a Costa do Marfim enfrente um terceiro ano consecutivo de queda na produção, comprometendo a oferta global e pressionando os preços internacionais do cacau.

“O regulador vendeu pelo menos 600 mil toneladas de contratos de exportação para a próxima temporada, e a um bom preço, principalmente por causa do diferencial que aplicam”, declarou à Reuters o chefe de uma empresa exportadora europeia com sede em Abidjan.

Oferta Estagnada e Clima Ameaçador

Desde a temporada 2023/24, a produção marfinense tem permanecido em torno de 1,8 milhão de toneladas, bem abaixo da média de 2,2 milhões registrada nos últimos seis anos. A atual temporada já sofre com um início tardio das chuvas nas regiões produtoras, atrasando o desenvolvimento das flores que darão origem às vagens da colheita principal de outubro e novembro.

Segundo a autoridade meteorológica Sodexam, há previsão de precipitação abaixo da média para o sul do país durante toda a estação chuvosa, que se estende oficialmente de abril até meados de novembro. Isso representa um risco direto ao potencial produtivo da próxima safra, pois as flores de cacau levam aproximadamente 22 semanas para amadurecer. O período crítico de floração – abril a junho – já apresenta sinais preocupantes.

Risco Climático Reduz Oferta de Contratos

Diante do cenário adverso, o CCC planeja limitar as vendas de contratos de exportação a 1,3 milhão de toneladas, bem abaixo da média histórica de 1,7 milhão de toneladas vendidas antecipadamente em anos de produção normal. O objetivo é proteger o mercado interno e evitar comprometimento de entregas futuras em caso de nova frustração agrícola.

“Pensávamos que a má colheita de 2023/24 havia sido um evento isolado, mas estamos vendo os mesmos sinais novamente este ano. As preocupações já se estendem para 2025/26”, alertou um executivo europeu baseado no porto de San Pedro, principal ponto de escoamento da produção.

Impactos no Mercado Internacional

A antecipação das vendas, somada à limitação de contratos futuros, pode resultar em maior pressão altista nos preços do cacau nas bolsas internacionais, sobretudo se a produção da África Ocidental seguir abaixo do esperado. O comportamento climático dos próximos 30 a 60 dias será determinante para a consolidação da safra 2025/26.

O cenário também reforça a busca por diversificação de origens por parte de compradores internacionais e eleva o nível de incerteza para as indústrias que dependem do cacau como insumo base. O mercado já responde a esses sinais com negociações mais agressivas e contratos com diferenciais positivos aplicados sobre os preços futuros.

Fonte: mercadodocacau com informações reuters

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