Crise do cacau obriga gigantes da indústria a rever estratégias de produção em 2025

A crise global do cacau, provocada por uma combinação de preços historicamente altos, mudanças climáticas e instabilidade nas plantações africanas, vem pressionando severamente os principais fabricantes de chocolate do mundo. Gigantes como Barry Callebaut, Mondelēz International e Hershey estão sendo forçados a ajustar suas estratégias de produção, comercialização e expansão em meio ao cenário mais desafiador das últimas décadas.

Em 31 de janeiro, o preço do cacau atingiu US$ 10,75 por quilo, o maior valor em 60 anos. Esse salto abrupto seguiu um primeiro semestre turbulento no ano fiscal de 2024/25, com preços praticamente dobrando em relação ao mesmo período do ano anterior. A alta instabilidade do mercado afetou diretamente os contratos futuros, tradicionalmente usados para proteger fabricantes contra oscilações de preços, tornando-os agora arriscados e ineficazes.

Segundo Peter Feld, CEO da Barry Callebaut Group, “a intensa volatilidade do preço do cacau em grãos impactou significativamente a indústria, o comportamento do cliente e nosso desempenho financeiro”.

Cortes na produção e revisão de metas

Como consequência, a Barry Callebaut anunciou redução nas suas expectativas de produção para 2025, prevendo queda de um dígito nos volumes de vendas. A empresa já registrou retração de 4,7% no primeiro semestre fiscal, com vendas pouco acima de 1 milhão de toneladas. O impacto das mudanças climáticas e do fenômeno El Niño também afetou plantações ao longo de várias temporadas, agravando o cenário.

Enquanto isso, outras líderes do setor também enfrentam dificuldades. A Mondelēz International alertou no início do ano que o recorde no preço do cacau teria um grande impacto nos lucros, prevendo uma queda de 10% no lucro ajustado por ação. A Hershey Company reportou um início difícil para 2025, com queda de 26,6% no valor do segmento de confeitaria no primeiro trimestre, citando a alta nos custos de produção e os aumentos tarifários dos EUA como principais responsáveis.

Para mitigar os impactos e salvaguardar a rentabilidade, a Barry Callebaut está fortalecendo sua presença na América do Norte e planejando ampliar a produção nos EUA. A empresa também espera crescimento de dois dígitos no EBIT em moedas locais em 2025 e declarou um lucro operacional de US$ 401 milhões no primeiro semestre – leve alta de 1,5% em relação ao ano anterior.

Feld afirma que a empresa está ajustando seu modelo financeiro e revendo estratégias de precificação para enfrentar essa “nova realidade de mercado”. Isso inclui ações como venda de ativos, redução de dívidas e execução do programa de transformação Next Level, lançado em 2023. O programa prevê investimentos de US$ 608 milhões para elevar eficiência, atender melhor seus clientes e gerar economias de até US$ 305 milhões por ano, embora os benefícios concretos devam surgir apenas a partir de 2026.

Mercados em direções opostas

Apesar do cenário adverso, nem todos os mercados estão encolhendo. A América Latina liderou o crescimento, com aumento de 7,5% nos volumes de vendas. A região AMEA (Ásia, Oriente Médio e África) também cresceu 1,8%, com destaque para os dois dígitos alcançados na Índia, Indonésia e Oriente Médio.

Em contraste, a Europa Ocidental registrou queda de 7,6%, impactada por preços altos e retração no consumo. A Europa Central e Oriental também sofreu, com -6,6% nos volumes, especialmente na Turquia. Na América do Norte, o declínio foi mais brando, de 2,3%, com a demanda enfraquecida dos grandes fabricantes de alimentos.

Enquanto isso, os efeitos prolongados do El Niño e de doenças que afetaram plantações em regiões-chave agravam ainda mais a crise, forçando cortes de produção e aumento nos preços finais para os consumidores.

Fonte: mercadodocacau com informações confectionerynews

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