Curiosidades sobre o cacau

Propriedades afrodisíacas
As propriedades afrodisíacas do chocolate ainda não foram cientificamente confirmadas, mas o senso comum já as aceita como fato há séculos. Quando as primeiras sementes de cacau americanas desembarcaram no Velho Mundo, as cortes espanhola e francesa e depois toda a Europa tomaram a bebida sagrada dos povos originais do Novo Mundo como poderoso afrodisíaco, hábito que criou personagens lendários, como os escritores Giacomo Casanova, italiano que tinha uma mistura de champanhe e chocolate como poderosa arma de sedução, e o francês Marquês de Sade, que usava a iguaria em rituais eróticos.

Histórias e lendas
Antes de se tornar uma das guloseimas mais populares (há mais pontos de venda de chocolate do que farmácias no Brasil) e preferidas entre crianças, mães e adultos em geral do mundo inteiro (“nove entre dez pessoas adoram chocolate; a décima está mentindo”, bem disse o cartunista americano John Q. Tullius), o chocolate foi símbolo de poder e status entre a nobreza européia a partir do século XVII e, desde o ano 1000 a.C., aproximadamente, foi a bebida sagrada dos maias, astecas e olmecas.
Utilizada em rituais de nascimento, casamento e morte (apenas as amêndoas secas ou seu extrato, feito apenas com água fervente), em banquetes dos nativos do novo continente (temperados com mel e pimenta) ou como tônico pelos guerreiros antes das batalhas. Esta última fórmula foi adotada, segundo contam, pelo chocólatra Napoleão Bonaparte como segredo de sua invencibilidade. As amêndoas secas e torradas do fruto do cacaueiro também já foram utilizadas como moeda para compra de escravos e pagamento de tributos aos reis pré-colombianos.
Colombo, aliás não chegou a conhecer as maravilhas do cacau. Foi o conquistador espanhol Fernando Cortez o primeiro europeu a se deixar seduzir pelo inusitado sabor e efeitos do xocolatl dos nativos – bebida feita a partir de amêndoas torradas e moídas acrescidas de água quente e, em ocasiões especiais, adoçada com mel, flores e até temperadas com pimenta. “Essa bebida é a coisa mais saudável e a melhor substância do que qualquer coisa que se possa beber no mundo”, diz uma anotação atribuída a Cortez. Foram os espanhóis, aliás, que disseminaram a bebida no Velho Mundo. Mais precisamente as freiras da Companhia de Jesus que tocaram as primeiras fábricas de chocolate, ainda na forma líquida, no século XVI.
Ao chegar na França, na bagagem da princesa Ana Maria Maurícia, filha do Rei espanhol Felipe III, o chocolate iniciou sua dispersão pela Europa como iguaria requintada, privilégio dos membros da nobreza, servida em prataria fina por seus chocolateiros particulares ou em luxuosas casas especializadas. É dessa época que a bebida sagrada dos maias, astecas e olmecas, que já foi considerada pecado na Espanha, cristaliza sua fama de afrodisíaco entre a nobreza européia.
A popularização do negro líquido começou a partir das primeiras experiências industriais. Um marco foi a invenção do químico holandês Coenrad van Houten, em 1828, que permitiu produzir o cacau em pó, tornando mais prático o preparo da bebida. A partir daí, vários nomes conhecidos – químicos, inventores e industriais como Nestlé, Quakers, Tobler, Hershey – hoje foram ladrilhando, com criatividade e boas pitadas de sorte, a história do chocolate que conhecemos hoje, leia-se ao leite e em barras.

Alquimia básica do chocolate
A primeira etapa no processo de produção de chocolate é a fermentação das amêndoas do cacau. Depois de retirado o excesso de polpa, as sementes fermentam em cochos de madeira durante cinco dias em média. Essa é uma das etapas mais importantes, que irão determinar, em grande parte, a qualidade do aroma e do sabor do chocolate.
Após fermentadas, elas são postas em barcaças para secarem. Dependendo da insolação e/ou temperatura local, podem ficar até oito dias secando, sendo remexidas constantemente durante o período.
Em seguida, as amêndoas secas são descascadas, quebradas e torradas, chegando a menos de 1% de umidade. São os “nibs” de cacau.
Quando moídos, os nibs geram o “líquor”, uma pasta de cor profundamente escura. Ao ser prensado, o líquor produz a manteiga e a chamada “torta de cacau”, esta, com cerca de 10% de gordura apenas.
Além do uso farmacêutico, a manteiga também produz o chocolate branco. E da torta é feito cacau em pó e também o chocolate tradicional, escuro.
No processo industrial convencional, as chocolateiras adicionam, ao líquor, mais manteiga de cacau e açúcar e, em se tratando de chocolate ao leite, também o leite em pó.

Cacau em pó
Para serem pulverizadas, as amêndoas precisam passar por temperaturas de até 130°C, que saturam sua gordura, e depois, pra compensar a alta acidez desse processo, recebem adição de alcalinizantes sintéticos. O resultado é um produto que, além de saturado e cheio de aditivos sintéticos, ainda perde pelo menos um dos seus principais super-poderes, que são seus antioxidantes.
Fonte: Livro “O Cacau é show”, de Alexandre Costa

Curtiu esse post? Compartilhe com os amigos!

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Telegram

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *