Na onda do cacau ruby, chocolateria Cuore di Cacao produz barrinhas com farinha de uva e cria chocolate lilás com sabor de vinho
A paleta de cores dos chocolates brasileiros não para de crescer. A cartela colorida começou com o cacau ruby, o chocolate naturalmente cor de rosa produzido pela Barry Callebaut. Agora, uma marca nacional aposta em uma versão para ampliar a paleta: o chocolate lilás. O produto, 100% artesanal, é feito a partir da combinação de chocolate branco com farinha de uva fermentada — tem sabor que lembra vinho.
“Não deixa de ser uma brincadeira com o chocolate rosa”, conta Bibiana Schneider, sócia-proprietária da Cuore di Cacao. A novidade surgiu a partir de algo que já é praxe da marca curitibana de chocolates bean to bar: criar chocolates inusitados.
Todos os meses, a empresa lança um produto exclusivo para os assinantes de seu clube do chocolate – a assinatura trimestral custa R$ 180 e, por mês, o cliente recebe em casa 200 gramas de chocolates variados. A entrega é feita para várias regiões do Brasil.
Já foram feitas barrinhas com erva-mate, matchá e outros ingredientes, mas esta é a primeira vez que uma farinha à base de fruta foi usada na composição. “É um espaço onde a gente pode criar coisas diferentes, testar produtos do mercado”, explica a empresária.
O chocolate lilás foi feito com a farinha U-Vita, feita a partir do bagaço das uvas fermentadas para fazer vinho. O produto, lançado em 2015, é resultado de uma parceria entre a Vinícola Franco Italiano, em Colombo, na Região de Curitiba, em parceria com pesquisadores da Universidade Positivo. “Ela trouxe uma certa acidez ao chocolate branco, que costuma ser muito doce, e o resultado puxa para o sabor do vinho“.
A característica, porém, não é a mesma presente no cacau ruby. Enquanto o chocolate rosa desperta no paladar notas levemente ácidas que lembram frutas vermelhas, a versão lilás tem mais a ver com a fermentação percebida em uma taça de vinho.
Marcelo Apene, professor do curso de gastronomia da Universidade Positivo, explica que a acidez da farinha de uva é sinal da alta presença de resveratrol. “Conseguimos manter de 75% a 80% de resveratrol na U-Vita. Os taninos continuam presentes e provocam aquela sensação de salivação, como no vinho”, aponta.
A parceria reforça um projeto que estimula o reaproveitamento total do alimento. Todo o bagaço utilizado na produção de vinhos seria descartado se transforma em um produto com várias possibilidades na cozinha. “É um produto que fecha o ciclo da sustentabilidade”, diz Apene.
Edição limitada
Embora o chocolate lilás tenha sido criado apenas para a edição de maio do clube de assinantes, o sucesso da barrinha fez com que a marca investisse em uma quantidade maior para o público, mas por um tempo limitado. “Produzimos um microlote de 100 barrinhas”, diz Bibiana.
Além da farinha de uva, a barrinha de 50 gramas tem também nibs de cacau na composição, que dão crocância e suavizam ainda mais a doçura do chocolate. Cada embalagem sai por R$ 14. Fonte: Gazeta do Povo/Bom Gourmet