Para startups que desejam tirar projetos do papel ou então expandir, uma das maiores referências no mundo é o MIT, o Massachusetts Institute of Technology. Uma vez por ano, essas pequenas empresas podem contar com a ajuda de alunos da instituição que cursam um MBA em administração chamado G-Lab – na última edição do programa, que terminou em janeiro e se chama MIT Sloan, quatro projetos nacionais estavam contemplados.
Depois de três meses de trabalho remoto, grupos de quatro alunos estrangeiros se alocaram em cada uma dessas empresas, durante três semanas, com o objetivo de viabilizar projetos de expansão que talvez não vingassem sem um olhar externo. Foi o caso da startup carioca Intelie, que vislumbra agora a possibilidade de internacionalização do serviço de análise de dados para o segmento de gás e óleo. Entrar neste mercado em Houston (EUA) pode representar para a empresa manter o patamar de crescimento acima dos 45%, média do ano passado, sobre uma receita de R$ 3,2 milhões.
A análise de dados em tempo real, conforme explica o sócio-fundador da Intelie, Ricardo Clemente, ainda é incipiente no Brasil, o que reforça a necessidade desse auxílio externo. Após participar de um programa de startups na Alemanha, o MIT Sloan pareceu a melhor opção ao empresário e seus dois sócios. “Há uma diferença muito grande entre o ambiente de negócios brasileiro e o norte-americano. O mercado de venture capital por lá é muito mais maduro e dinâmico”, analisa.
O desafio de explorar o mercado americano também motivou a soteropolitana Amma Chocolates, que fabrica chocolates orgânicos. A empresa chegou ao seu ponto de equilíbrio no ano passado – com faturamento anual de R$ 5 milhões – e a exportação se tornou a melhor opção para continuar crescendo em 2016, quando o negócio pretende aumentar a receita em até 40%. “O mercado americano é o maior consumidor de chocolate orgânico do mundo. Queremos entrar em duas cidades da Califórnia”, explica o diretor financeiro da Amma, Pedro Weber. O maior desafio, trabalhado durante a imersão no MIT Sloan, foi a precificação no exterior. “O programa nos ajudou a compor o preço que queremos chegar na prateleira.”
De acordo com a coordenadora do MIT Sloan, Michellana Jester, a diversidade do mercado brasileiro, principalmente de empresas ligadas ao desenvolvimento tecnológico, representa um celeiro de aprendizado para os alunos do G-Lab. Além disso, a recessão econômica enfrentada pelo País fornece aos estudantes um cenário diferente daquele encontrado na universidade. “Desafios macroeconômicos são estudados em sala de aula, mas ganham destaque quando as equipes colaboram com os empresários brasileiros”, explica Michellana.
Uma nova edição do MIT Sloan terá inscrições abertas em junho. Para submeter um projeto ao programa, é preciso responder a um questionário disponível na internet (http://mitsloan.mit.edu/actionlearning/labs/g-lab-info-for-hosts.php). As empresas candidatas devem estar no mercado há no máximo sete anos, ter faturamento de até US$ 15 milhões ao ano e uma equipe de até oito pessoas ocupando cargos de liderança. Fonte: Estadão