O Exército da Costa do Marfim anunciou a suspensão imediata de cinco oficiais encarregados de combater o contrabando de cacau na região oeste do país. A decisão, divulgada em um comunicado na terça-feira, surge após investigações que apontaram a participação dos envolvidos em esquemas de tráfico para os países vizinhos Guiné e Libéria.
Contrabando Escalando Desde o Início da Temporada
Desde o início da temporada 2024/25, em outubro, estima-se que entre 50.000 e 75.000 toneladas métricas de cacau foram contrabandeadas pela fronteira ocidental. O destino principal tem sido a Guiné, onde os preços pagos aos traficantes são significativamente mais altos, variando entre 4.000 CFA e 5.000 CFA por quilo, enquanto o preço ao produtor na Costa do Marfim é de 1.800 CFA.
As regiões de Sipilou, Danane, Man e Ouaninou têm sido os principais pontos de saída do cacau ilegal, facilitados por autoridades locais que, segundo fontes, receberam propinas de até 15 milhões de CFA (cerca de US$ 23.500) por caminhão de reboque contendo até 40 toneladas de grãos.
Oficiais Sob Investigação
Os cinco suspensos incluem o prefeito de Sipilou, o comissário de polícia, o chefe do destacamento das forças armadas, o comandante da brigada da gendarmaria e o chefe da alfândega. A decisão marca um esforço significativo para combater a corrupção institucional que tem facilitado o tráfico.
“Grandes quantidades de cacau foram transportadas para a Guiné durante o período de festas no final de dezembro, com a conivência de autoridades corruptas”, disse um rastreador de cacau local.
Impactos Econômicos
O contrabando está prejudicando o setor de exportação do maior produtor mundial de cacau, com volumes reduzidos chegando aos portos. Um executivo do setor lamentou: “Esta é uma boa notícia, mas chega tarde demais”.
A prática ilícita é incentivada pelos preços elevados no mercado internacional, que criam uma margem atrativa para os traficantes. Um comprador local afirmou que dezenas de caminhões têm cruzado regularmente para a Guiné, enfatizando as dificuldades em conter o problema: “Honestamente, há muito dinheiro a ser ganho com o tráfico, e não vejo como vamos pará-lo”.
Desafios na Regulação
Apesar das medidas tomadas, o combate ao contrabando enfrenta barreiras estruturais, como a extensão da fronteira, o envolvimento de agentes locais e a atração financeira do mercado paralelo. A Costa do Marfim precisa equilibrar ações punitivas com políticas que tornem o comércio legal mais competitivo para os agricultores e intermediários.
Com o impacto do contrabando já sendo sentido nas exportações, a continuidade dessas ações será crucial para proteger a principal commodity do país e preservar a confiança no mercado global.
Fonte: mercadodocacau com informações reuters