Fabricantes de chocolate esperam Páscoa até 10% mais gorda

As grandes fabricantes de chocolates no país esperam um desempenho entre a estabilidade e um crescimento nominal de 10% na Páscoa desse ano. A data mais importante para o setor no ano deixou um sabor amargo em 2016, quando as vendas cederam 27,4%, mas a indústria espera tirar vantagem da base de comparação mais fraca e de um cenário político menos conturbado.

Para Afonso Champi, vice-presidente de chocolate da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab), o período foi atípico e, apesar da forte queda na Páscoa, o setor começou a mostrar recuperação nos meses seguintes. De janeiro a setembro de 2016, a produção de chocolate cresceu 13,2% em volume, ante igual período de 2015, para 393,4 mil toneladas.

A Páscoa do ano passado respondeu pela produção de 14,3 mil toneladas de chocolate, o equivalente a 58 milhões de ovos. O volume, no entanto, é menor que as 19,7 mil toneladas produzidas em 2015.

O balanço para a data neste ano não está fechado porque as indústrias ainda estão produzindo os ovos. As empresas, porém, não esperam um novo recuo de vendas em 2017. “No ano passado a Páscoa veio cedo, ainda no primeiro trimestre, e o consumidor teve menos tempo. Neste ano, o consumidor está mais adaptado ao cenário econômico e mais propenso a presentear”, diz Keila Broedel, gerente de marketing da Garoto.

A Cacau Show elevou a produção em 14%, para 8,5 mil toneladas, principalmente para atender às novas lojas da rede, que alcançaram 2050 unidades no ano passado. A empresa reajustou os preços entre 7% e 8% e deve deixar inalterado o valor da linha Dreams, de chocolate recheado com trufa. No ano passado, as vendas cresceram 18%, impulsionadas por promoções na véspera da data.

A Garoto espera vendas melhores na Páscoa deste ano, pela base de comparação mais fraca, por ocorrer em abril, mais tarde que ano passado, e pelo contexto político mais estável. Os preços foram reajustados em linha com a inflação. A empresa aumentou a opção de faixas de preço, principalmente a de R$ 20, com ovos recheados de tamanho pequeno a médio. O item mais barato do portfólio é o coelho de chocolate, a R$ 6, e o mais caro é o ovo Talento, a R$ 49.

À espera de um consumidor racional, que quer opções de menor desembolso, a Arcor diminuiu os lançamentos de 30, em 2016, para 19 neste ano. Com uma linha mais enxuta, conseguiu reforçar as negociações com os fabricantes de brinquedos e diminuir o custo. Outra estratégia, como em anos anteriores, foi criar embalagens menores. Neste ano, nenhum ovo de Páscoa da marca terá preço superior a R$40, diz Anerson Freire, gerente de marketing. A empresa espera um “leve crescimento”, puxado por produtos a partir de R$ 19.

A Lacta também reduziu o tamanho do portfólio de 37 para 19 ovos de páscoa, na comparação com o ano passado. “Levamos em conta o comportamento de consumo e o ganho de eficiência para a indústria e o varejo”, diz o diretor Ricardo Reis. A companhia espera crescimento de um dígito na Páscoa deste ano. Os reajustes foram inferiores à inflação.

Renata Vichi, vice-presidente do grupo CRM, dono das marcas Kopenhagen e Brasil Cacau, diz que a principal aposta da marca foram a repaginação de embalagens e os produtos para presentear. A empresa trouxe 13 lançamentos e ampliou a produção em 10%, para 3 milhões de ovos.

A Ferrero não fez reajustes de preço, mas reduziu o peso dos ovos de páscoa entre 4% e 10% neste ano. A empresa ampliou as linhas para trazer mais produtos de faixas de preço mais acessíveis. As novidades deste ano são uma caixinha com seis bombons, a R$ 15, e uma versão grande, de 125 gramas, do bombom Ferrero Rocher.

A Kinder, marca do grupo Ferrero voltada ao público infantil, espera uma Páscoa estável. A data representa 25% das vendas da marca. “O consumidor continua cauteloso, buscando as marcas que já conhece”, afirmou Joana Oliveira, gerente de marketing da marca. A empresa manteve a quantidade de itens no portfólio, mas buscou licenças mais relevantes, como a de Star Wars, disse. Os preços ficaram 10% mais altos.

O setor apresentou 120 lançamentos para esta Páscoa. O brasileiro consome 2,5 quilos, em média, de chocolate por ano, representando o quinto maior mercado do alimento no mundo, com faturamento de R$ 12,4 bilhões em 2015. Entre os brasileiros, 63% costumam presentear com chocolates na Páscoa, segundo pesquisa do Ibope encomendada pela Abicab. (Tatiane Bortolozi / Valor)

Curtiu esse post? Compartilhe com os amigos!

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Telegram

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *