A Hershey gastará US$ 500 milhões na esperança de produzir seus famosos chocolates Kisses com cacau mais sustentável.
Através de seu programa Cocoa for Good, a empresa investirá os recursos até 2030 para apoiar quatro áreas fundamentais: nutrir as crianças, empoderar os jovens, construir comunidades prósperas e preservar ecossistemas naturais. Algumas das metas da iniciativa são eliminar o trabalho infantil e cultivar mais cacaueiros à sombra, que podem ser produtivos por até 15 anos a mais do que os plantados ao sol.
A oferta mundial de cacau está diminuindo após uma forte queda dos preços que prejudicou agricultores de todo o mundo e os obrigou a reduzir a produção, o que consumiu um excedente global. As mudanças na perspectiva da oferta provocaram uma forte oscilação no mercado. Os futuros em Nova York dispararam 39 por cento neste ano após terem caído 41 por cento nos dois anos anteriores.
Embora a recente volatilidade “extrema” dos preços seja típica dos mercados de commodities agrícolas, “compreendemos a complexidade de enfrentar alguns dos desafios” para as comunidades produtoras, disse Susanna Zhu, diretora de aquisições da empresa, em entrevista por telefone de Abidjan, a capital comercial da Costa do Marfim. “Por isso, destinaremos recursos importantes para a próxima década.”
Tendência criada pelos consumidores
Várias empresas voltadas para o consumidor, como Unilever e McDonald’s, têm investido mais em fontes sustentáveis porque os consumidores estão cobrando isso antes de gastar seu dinheiro. A Starbucks captou cerca de US$ 1,3 bilhão dos mercados públicos nos últimos dois anos para financiar suas iniciativas de cafeicultura ética através de títulos de sustentabilidade.
Em 2016, o colosso do chocolate com sede em Hershey, Pensilvânia, aumentou suas fontes de abastecimento de cacau certificado e sustentável para 60 por cento de suas aquisições, e a empresa afirmou que continua no caminho para chegar a 100 por cento até 2020.
O novo programa da companhia terá um foco inicial na Costa do Marfim e em Gana, os maiores produtores de cacau do mundo. A Hershey busca uma abordagem “holística” da sustentabilidade e pretende abranger outras regiões produtoras no futuro, inclusive a América do Sul, disse Zhu. Ela e outros executivos da empresa se reuniram com funcionários do governo da Costa do Marfim, executivos do setor privado e pequenos agricultores para discutir o projeto.
Cerca de 95 por cento da produção mundial de cacau vem de pequenos agricultores, e muitos deles ainda empregam métodos de cultivo tradicionais. Como os rendimentos globais estagnaram, os aumentos da oferta vieram principalmente da expansão de áreas cultivadas. A Costa do Marfim, a maior produtora, perdeu 64 por cento da sua área verde entre 1990 e 2015 em grande parte por causa do plantio de cacau, segundo a IDH, uma iniciativa de comércio sustentável.
Ao mesmo tempo, a demanda por chocolate continua crescendo. As vendas do varejo global chegaram a US$ 102,3 bilhões em 2017 e projeta-se que aumentarão 8,2 por cento até 2022, segundo a empresa de pesquisa Euromonitor International.
Para atender às necessidades de oferta com uma perspectiva sustentável, os planos da Hershey incluem um programa nutricional para alimentar crianças em Gana, com o objetivo de abranger também a Costa do Marfim à medida que os governos locais ajudarem na implementação. A empresa também ajudará a capacitar os produtores para aumentar a eficiência e ajudar os processadores a atender aos requisitos internacionais de fornecedores, entre outras iniciativas.
Fonte: Bloomberg